O vereador Gabriel Azevedo (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (21), que a Câmara Municipal de Belo Horizonte deve tomar providências após o prefeito Alexandre Kalil (PSD) dizer que empresários de ônibus pagariam a defesa do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada. A denúncia do possível financiamento foi feita pelo ex-chefe de Gabinete de Kalil, Alberto Lage, em meio à acareação entre ele e Bouzada na CPI da Covid-19.
O posicionamento de Azevedo foi dado logo após a reprodução dos áudios no colegiado. “Que vergonha! O senhor Alexandre Kalil é um hipócrita! O senhor (Kalil) foi no Twitter dizer que empresário de ônibus não mandava na cidade. O senhor está chafurdando na mesma lama que empresário de ônibus dessa cidade. Temos que nos reunir com a presidente Nely Aquino e tomar providencias em relação a esses fatos gravíssimos que estão sendo revelados”, disse.
O vereador afirmou ao presidente da CPI da Covid-19, vereador Juliano Lopes (Agir), que, diante dos áudios, as peças estariam se encaixando. “O senhor se lembra quando eu te narrei que o prefeito me ligou, tentando me intimidar, pedindo a mim para que eu conversasse com o senhor e o senhor não convocasse o Célio Bouzada?”, indagou. “Eu falei que o prefeito me disse por telefone, inclusive, que o advogado do Célio seria o Hermes (Vilchez Guerrero). E que ele tinha a intenção de ingressar com um processo de abuso de autoridade contra mim.”
Azevedo acrescentou que o mais grave foi a nomeação de Hermes Vilchez Guerrero para o Conselho de Ética da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A designação foi publicada no Diário Oficial do Município desta quinta-feira. “Quando o Alberto Lage faz as denúncias (contra o secretário de Governo, Adalclever Lopes), o Conselho de Ética arquiva com o voto que apenas não é proferido pela senhora Misabel. E quando isso é proferido, a senhora Misabel é retirada do Conselho e quem é colocado no Conselho de Ética? O advogado do Célio Bouzada, que, de acordo com o prefeito, está sendo pago com empresário de ônibus. Juliano, estamos diante de algo gravíssimo.”
O vereador ressaltou que, quando Kalil se refere a alguém “todo cagado” nos áudios, referia-se a Bouzada. “Realmente o prefeito me ligou, disse que o Célio estava todo cagado, que ele não queria ir mais na CPI, que eu deveria agir para ele não ir, porque, senão, o advogado dele iria ingressar com abuso de autoridade contra a minha parte. E eu falei (para Juliano Lopes) que o prefeito estava agindo para tirar o Célio da CPI. Agora, o prefeito de Belo Horizonte tem que se explicar como ele sabe que empresários de ônibus estão pagando advogados do ex-presidente da BHTrans.” Kalil dará uma coletiva nesta quinta meio-dia.