Gabriel Azevedo

Tecnologia a serviço da democracia

Aplicativos inovam relação do poder público com o cidadão


Publicado em 25 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
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O que faz um cidadão de Belo Horizonte para resolver um problema nos serviços públicos? Como ele deve agir quando vê um buraco na rua ou precisa solucionar uma pendência burocrática? Recorre aos canais de atendimento e entra em contato com um servidor municipal. O tempo de espera no 156 é longo, as filas no BH Resolve são demoradas, e todo o processo é lento.

Entre a apresentação da reclamação e a solução há outros servidores empenhados em resolver o problema. E apenas eles. Não há inteligência artificial. A interface de atendimento pode até ter melhorado nos últimos anos, com o emprego de aplicativos – e a prefeitura lançou um, mas tudo é incipiente, sem amplitude.

Desde o início do mandato, uso o app Meu Vereador. Dentre as muitas funções da ferramenta, as pessoas podem acompanhar as votações e a transparência da minha atividade legislativa e notificar problemas da capital. Essa função é crucial para a eficiência do meu gabinete, pois seria praticamente impossível atender às pessoas por meio de mídias sociais, WhatsApp ou e-mail. Pior ainda seria se tudo fosse anotado em papel.

A tecnologia contribuiu para transformar a relação entre representantes políticos e seus representados. O aplicativo que criei obteve bons resultados, e muitos detentores de mandato pediram que desenvolvesse um app para eles. Surgiu o Nosso Mandato, hoje usado por senadores, deputados e vereadores dos mais diversos pontos do país.

Em 2018, o Nosso Mandato venceu o Startup Show, concurso que escolheu a melhor startup do país. O prêmio? Uma semana de imersão nas instituições de inovação de São Francisco e do Vale do Silício, na Califórnia (EUA). Foi onde passei os últimos cinco dias. Também estive nas universidades de Stanford e Berkeley e me reuni com o deputado estadual Marc Berman, da Califórnia.

O que aprendi? Que o volume de dados acumulados pelo aplicativo deve servir para tornar a ferramenta mais eficiente. Tudo pode ser feito com inteligência artificial e machine learning, conceitos nos quais estive imerso sobretudo nos escritórios da IBM. Inteligência artificial é a área da ciência da computação direcionada à criação de máquinas que funcionam e reagem como seres humanos. Machine learning é uma forma de inteligência artificial que permite a um sistema aprender a partir de dados, e não por meio de programação explícita.

Hoje, pessoas alimentam o aplicativo com informações disponibilizadas para o cidadão que o usa. Atrás de cada projeto de lei publicado para que o eleitor vote, de cada resposta à notificação de problema e de cada publicação sobre o mandato há uma pessoa alimentando a ferramenta. Isso pode e deve ser automatizado.

A meta é que, quando alguém informar que um poste de luz não está funcionando, a série de eventos entre a notificação e a solução do problema seja a mais eficiente e inteligente possível. Trabalhar bem os dados é o pilar de uma cidade inteligente. Essa é a inovação que implementaremos no Meu Vereador e no Nosso Mandato. Vamos incorporar inteligência artificial e machine learning aos aplicativos existentes. Vamos modernizar a política, expressão grega que, em essência, significa cuidar da cidade.

É assim que usaremos a tecnologia em favor da democracia. Agradeço a todos que votaram no aplicativo Nosso Mandato no Startup Show, organizada pelo mineiro Léo Soltz e que reuniu 27 finalistas entre mais de 300 inscritos. A iniciativa valoriza o empreendedorismo e a criatividade.

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