O governo de Minas desconsiderou as sugestões de prefeitos da região metropolitana de Belo Horizonte e decidiu manter o traçado original do Rodoanel, passando por dez municípios, cortando bairros densamente povoados de Betim e Contagem. O edital de concessão para elaboração de projetos, construção, operação e manutenção do Rodoanel foi publicado na edição desta sexta-feira (21) do Diário Oficial do Estado.
Segundo o secretário de Infraestrutura, Fernando Marcato, o Estado avaliou as propostas apresentadas pelas prefeituras de Betim e Contagem, mas estudos apontaram que os traçados não eram viáveis. No caso do traçado apresentado por Betim, o secretário disse que representava um custo adicional de R$ 1,2 bilhão.
“A proposta feita pela prefeitura de Betim nós não conseguimos atender porque os estudos nos mostram dois problemas: o primeiro de um custo adicional de R$ 1,2 bilhão e, infelizmente, nós não temos esse valor. Além disso, uma queda de demanda de quase 10%. Ou seja, eu vou deixar de beneficiar quase 10% dos automóveis e caminhões que usam o Rodoanel porque, ao afastá-lo da mancha urbana, porque a proposta era de que o Rodoanel saísse completamente de Betim e Contagem, você não gera incentivo para que os grandes caminhões percorrem o traçado .Eles vão continuar percorrendo o Anel Rodoviário de BH e circulando pelas ruas de Betim e Contagem”,disse o secretário.
Além disso, segundo o secretário, o traçado proposto passaria muito próximo da represa de Vargem das Flores. “Por questões ambientais isso não foi possível acatar”, completou.
Essa posição, entretanto, é refutada pelo prefeito de Betim, Vittorio Medioli. O chefe do Executivo não concorda com a informação repassada pelo Estado de que o traçado alternativo custaria R$ 1 bilhão a mais. “Não são transparentes. Quem fez esses estudos foi quem tem interesse na obra. É suspeito e pouco ético”, disparou.
Medioli, representando a cidade de Betim e municípios vizinhos, foi além, afirmando que acha descabido o governador Zema não ter convocado os prefeitos envolvidos para ouvir as sugestões de forma isenta e colocar um secretário historicamente ligados às concessionárias, que, veementemente, descarta a visão de obra pública e apenas analisa vantagens de concessionárias de rodovias.
Segunda proposta
Já em relação a uma segunda proposta de Betim, apresentada no final do ano passado, Marcato disse que previa um traçado ainda maior que o primeiro e que retirava mudanças já feitas pelo Estado para atender demandas de ambientalistas. “Voltava a Alça Sul para Brumadinho, para Casa Branca, onde os ambientalistas haviam solciitado a mudança”.
No caso de Contagem, a demanda do município era a retirada do Rodoanel da área Vargem das Flores, mas isso acabaria retirando Contagem do circuito de cidades atendidas pelo Rodoanel. “Vargem das Flores ocupa quas 50% do muicípio de Contagem. Então tirar Vargem das Flores significa tirar o Rodoanel de Contagem. E o traçdo do jeito que está está previsto no plano de manejo de Vargem das Flores”.
Questionado sobre os estudos que concluiram pela rejeição das propostas dos municípios, o secretário disse que foram feitos por empresas independentes e negou qualquer tipo de conflito de interesses. "São empresas independentes, a Accenture e a Systra, que são consultorias que trabalham para diversos governos e diversas empresas. Então, não tem conflito de interesses", disse
Afirmou ainda que o Rodoanel envolve interesses diferentes e era preciso o Estado tomar uma decisão. "Tem que se tomar uma decisão e essa decisão foi feita aqui com base nos estudos”, disse. E completou:”É natural que um município tenha o interesse dele, do mesmo jeito que o governo federal tem que zelar pelo interesse do brasil e o governo de minas pelo interesse do estado de Minas”.
A estimativa do governo é que com o Rodoanel haja um crescimento de 7 a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) da região metropolitana e uma redução de até 1.000 acidentes por ano. Além disso, há uma estimativa de redução de 30 a 50 minutos no trânsito para os motoristas.
"Ao se ter o Rodoanel você desafoga o Anel Rodoviário de Belo Horizonte e quandto o Rodoanel estiver completo é possível, inclusive, proibir a circulação de caminhões no anel viário de Belo Horizonte. Nós temos 4 mil acidentes/ano no Anel Rodoviário, com mortes quase que diárias", alertou o secretário.
Leilão
O leilão do Rodoanel Metropolitano foi marcado para 28 de abril na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O contrato tem valor de R$ 3.517.432.950,47 e contempla quatro alças: Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. Ao todo são previstos a construção de 100 quilômetros de malha rodoviária.
O modelo de contratação será via parceria público-privada (PPP) e a empresa vencedora será responsável pela elaboração de projetos, construção, operação e manutenção pelo prazo de 30 anos.
Para viabilizar a obra, o governo vai investir aproximadamente R$ 3 bilhões em recursos oriundos do Acordo da Vale, enquanto a empresa que vencer o leilão deve investir outros R$ 2 bilhões.
O critério de definição do vencedor da licitação será o menor valor da contraprestação a ser paga pela administração pública. Ou seja, vencerá a disputa a empresa que oferecer o maior desconto sobre o valor a ser apurado pelo Estado.
Atualizada às 14h47