BRASÍLIA – A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concedeu nesta terça-feira (2/12), por unanimidade, perdão e indenização a José Reinaldo Lima, ex-atacante do Atlético Mineiro, e da Seleção Brasileira, por ter sido perseguido pelo regime militar.
A comissão do governo federal se reuniu nesta terça para analisar 21 pedidos, incluindo o do ex-jogador. Além da condição de anistiado político, Reinaldo reivindicava uma indenização, também concedida. Ela será paga em uma prestação única de R$ 100 mil.
Reinaldo, que estava presente, falou sobre sua vida. Ele chorou durante quase todo o pronunciamento. Descreveu como foi perseguido fora das quatro linhas. Disse ter sido vítima de uma campanha de difamação, além de impedido de atuar por mais tempo na Seleção Brasileira por questões políticas.
Reinaldo foi monitorado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), que servia de base para prisão e tortura. O ex-atleta também foi perseguido pelos generais que comandavam o governo e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por comemorar seus gols com o punho cerrado para o alto.
O gesto era o mesmo dos militantes negros do movimento dos Panteras Negras, que atuou contra o racismo e pela conquista dos direitos civis no Estados Unidos. Por isso era visto com desconfiança pelos militares, o que teria dificultado a sua trajetória na seleção. Apesar de estar em boa forma, Reinaldo não foi convocado para a Copa de 1982, por exemplo.
Então principal nome do Atlético, Reinaldo chegou a ser advertido pelo general Ernesto Geisel, em 1978, antes do antes do embarque da seleção para disputar a Copa do Mundo da Argentina. Na despedida do general, em Porto Alegre (RS), a delegação foi até o Palácio Piratini, sede do governo estadual.
Após deixar o futebol, Reinaldo foi eleito deputado estadual pelo PT. Em 2004, foi eleito vereador em Belo Horizonte. Hoje, aos 68 anos, trabalha como comentarista esportivo.
Reinaldo estreou pelo Atlético em 1973 e marcou 255 gols com a camisa alvinegra. Conquistou sete estaduais, a Copa dos Campeões do Brasil, em 1978, além de diversos torneios pelo clube. Até hoje é o artilheiro com maior média de gols em um único Campeonato Brasileiro (28 gols em 18 partidas, média de 1,55 por jogo, em 1977).