BRASÍLIA - O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugeriu que eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sejam levados “para a vala”. A declaração foi feita enquanto o petista tecia críticas à postura de bolsonaristas na pandemia da covid-19.

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma 'enchedeira'. Sabe o que é uma 'enchedeira'? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para a vala", disse Jerônimo.

As declarações se deram na última sexta-feira (2), durante uma agenda no município de América Dourada, no interior baiano, diante de apoiadores, parlamentares e prefeitos da região.

A frase de Jerônimo gerou um post de Jair Bolsonaro nas redes sociais, em que o ex-presidente afirma ter sido alvo de “discurso de ódio”. Ele cobrou uma reação das instituições e reiterou críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não houve abertura de inquérito, nem busca e apreensão, tampouco convocação da Polícia Federal para apurar incitação à violência. Nenhuma nota de determinado do STF, nenhuma indignação de determinado ministro que se diz fervoroso interessado no assunto, nenhuma capa de jornal tratando o caso como “ameaça à democracia”. Ao contrário: silêncio, cumplicidade ou até aplausos discretos dos mesmos que se dizem guardiões do Estado de Direito”, publicou.

Segundo Bolsonaro, se a frase tivesse vindo de um apoiador dele, seria “manchete, prisão, processo por ‘discurso golpista’ e ‘incitação ao ódio’”. Mas vindo de uma autoridade do Estado “incentiva a violência política”.

“Incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’ Quando se permite que se deseje a morte de opositores impunemente, o que mais pode ser permitido?”.

Jerônimo se desculpa

Nesta segunda-feira (5), o governador baiano pediu desculpas pela declaração. Jerônimo disse ser uma “pessoa religiosa, de família” e que nunca tratou qualquer opositor “com um tratamento deste”. Ele alega que a declaração foi retirada de contexto.

“Eu apresentei anteriormente a minha inconformação, a minha indignação como o país estava sendo tratado. Se o termo vala e o termo trator foi pejorativo ou foi muito forte, eu peço desculpa. Não foi a minha intenção, eu não tenho problema algum de poder registrar quando há excessos na palavra, movido pela indignação".