BRASÍLIA - A revogação dos vistos de oito dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também atinge o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, autor da denúncia contra Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes descritos no inquérito do golpe. Em reação, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) classificou a medida como "inaceitável tentativa de intimidação".
"A revogação de seu visto [do PGR] representa não apenas um gesto desproporcional e incompatível com o histórico de atuação técnica do procurador-geral da República, mas também uma ofensa à independência e à autonomia de todo o Ministério Público brasileiro", afirmam os procuradores em declaração publicada neste sábado (19/7).
"Nenhum agente público destas instituições deve ser punido por cumprir sua função constitucional, muito menos por um outro país, em claro desrespeito à soberania nacional e ao princípio da não intervenção", completam no documento.
Nessa sexta-feira (18/7), o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, indicou o cancelamento dos vistos de oito dos 11 ministros do STF. A sanção atinge o ministro Alexandre de Moraes por sua atuação nos inquéritos em que Jair Bolsonaro é réu, mas também afeta "seus aliados na Corte" e os familiares deles, segundo declaração de Rubio, que é a principal autoridade do governo Donald Trump para a política externa.
Além de Moraes, a decisão também atinge Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. As sanções foram aplicadas horas após uma operação da Polícia Federal (PF) e a aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente.
Marco Rubio poupou três ministros considerados mais alinhados a Bolsonaro, e entre eles estão dois indicados ao Supremo Tribunal Federal pelo próprio ex-presidente: André Mendonça e Nunes Marques. Quem fecha o grupo dos poupados é Luiz Fux, que, recentemente, tem colecionado elogios de bolsonaristas por manifestações no tribunal.