Eleições 2024

Ao lado de Lula e Boulos, Marta Suplicy oficializa seu retorno ao PT

A ex-prefeita aceitou o convite para integrar como vice na chapa liderada pelo deputado federal Guilherme Boulos (Psol) na disputa pela Prefeitura de São Paulo

Por Gabriela Oliva | Lucyenne Landim
Publicado em 02 de fevereiro de 2024 | 20:40
 
 
 
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Na noite desta sexta-feira (2), a ex-prefeita Marta Suplicy oficializou seu retorno ao Partido dos Trabalhadores (PT) em uma solenidade realizada em São Paulo. Após nove anos afastada da sigla, esse marco sinaliza uma reconciliação, após atritos e desencontros ocorridos no período.

Ao retornar, Marta declarou: "Nunca saiu de dentro de mim o Partido dos Trabalhadores (...) Estou de volta para caminharmos juntos, manter o nosso espírito de luta na defesa da democracia como instrumento de composição das diferenças, da pluralidade e respeito às liberdades democráticas hoje tão ameaçadas pelo crescimento da direita autoritária".

O evento de filiação foi prestigiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista foi responsável por articular a refiliação de Marta, que agora vai compor como vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) para a Prefeitura de São Paulo.

"Eu tive a intuição que o Guilherme Boulos precisava de uma companheira da experiência da Marta Suplicy para ganhar as eleições e governar a cidade de São Paulo", afirmou durante o evento.

A cerimônia começou com a fala da presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que foi quem deu as boas-vindas a Marta Suplicy. "Você volta num momento muito importante. Para resgatar junto com Boulos o nosso projeto, mas sobretudo também para vencer e disputar o projeto de retrocesso que a extrema-direita tem, não só para São Paulo, mas pro Brasil”, afirmou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também utilizou a palavra, e relembrou que o PT só teve três mandatos à frente da prefeitura de São Paulo. "Nós não podemos descansar até outubro quando nós certamente vamos comemorar um quarto governo progressista que vai resgatar a autoestima da cidade de São Paulo", disse.

Assim como Haddad, Guilherme Boulos, que compõe a chapa junto com Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, destacou a importância da união entre os dois para “vencer o bolsonarismo”.

"Quando a Marta decidiu caminhar com a gente, com o nosso projeto, ela fez isso pela consciência de uma missão. A missão que nós temos em outubro deste ano, todos nós, é derrotar o bolsonarismo na maior cidade do país”.

Entenda a estratégia da chapa Boulos-Marta

A chapa Boulos-Marta vai confrontar diretamente a do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição. Lula já disse que a eleição deste ano na capital paulista será um embate entre ele e "a figura", em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois são opositores políticos e polarizaram as eleições de 2022, quando o petista venceu no segundo turno.

Nunes tem o apoio de Bolsonaro, e o ex-presidente confirmou, na quinta-feira (1º), sua indicação do coronel da Polícia Militar do Estado Ricardo Mello Araújo para disputar como vice. A volta de Marta ao PT, inclusive, deve ser explorada no embate pelo lado da chapa de Nunes. Isso porque a nova filiada compôs o atual governo da cidade de São Paulo.

Marta deixou o governo de Ricardo Nunes há menos de um mês

Marta foi secretária municipal de Relações Internacionais da gestão Nunes e deixou o cargo há menos de um mês, em 9 de janeiro. Na época, por meio de nota, a Secretaria Especial da Prefeitura de São Paulo informou que o prefeito chamou Marta na sede da administração municipal para que ela esclarecesse informações divulgadas na imprensa sobre sua intenção de concorrer como vice-prefeita na chapa de Boulos.

De acordo com o texto, a decisão de a secretária deixar suas funções na pasta foi tomada “em comum acordo”. Marta Suplicy divulgou uma carta direcionada a Ricardo Nunes em que agradeceu sua passagem pela Secretaria de Relações Internacionais desde janeiro de 2021.

No texto, ela justificou que o cenário político de São Paulo “prenuncia uma nova conjuntura”, diferente de quando foi convidada por Bruno Covas a compor sua gestão. “Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, disse. 

Vice na chapa de Boulos já teve atritos com o PT e com o Psol de Boulos

Apesar do novo cenário político, a relação de Marta com o PT já passou por percalços. Filiada por 33 anos, ela deixou o partido em 2015 em meio a ataques à sigla. Na época, que foi o auge da operação Lava Jato, que investigou irregularidades na Petrobras, ela chegou a afirmar que o PT tinha protagonizado “um dos maiores escândalos de corrupção da nação brasileira”.

Em 2016, Marta escreveu no X (antigo Twitter) que Haddad, filiado ao PT e no comando da gestão da cidade de SP, era "o pior prefeito que São Paulo já teve”. Quatro anos antes, ela chegou a fazer campanha para Haddad, mas cortou a relação ao romper com o PT.

A ex-prefeita também já teve embates com o PSOL de Boulos, especialmente quando foi favorável ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Na ocasião, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), que foi candidata a vice de Boulos nas eleições de 2020, chamou Marta de “traidora do povo” e insinuou que a então senadora também traiu o PT “no momento mais trágico” da história do partido.

Já em 2020, Marta disse que Erundina, por duas vezes, foi “desleal” com ela ao acusá-la de ter reduzido o Orçamento da Educação quando foi prefeita. Ainda nas eleições municipais de 2020, Marta Suplicy chegou a afirmar que o então candidato Guilherme Boulos, em um debate no segundo turno contra o então prefeito Bruno Covas (PSDB), estava "tenso, pesado, com conteúdo fraco". 

Boulos e Marta terão campanha com ‘contraste de realidades’

Agora juntos, Marta e Boulos enfrentarão ao longo da campanha eleitoral situações que deixarão expostos os contrastes entre os dois. Apesar das experiências políticas, eles circulam em meios diferentes. Marta tem trânsito entre empresários, e a expectativa de aliados é que essa relação atraia doações para a campanha, especialmente de setores que rejeitam Boulos.

Já Boulos, que será o cabeça da chapa, se mostra acessível para falar com os eleitores de menor poder aquisitivo. Não à toa, ele faz questão de fazer aparições em seu “celtinha” popular. Foi nesse carro, declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como patrimônio de R$ 20 mil, que ele chegou à casa de Marta em um almoço para a consolidação da chapa, em jan

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