IMUNIZAÇÃO INFANTIL

Bolsonaro compara vacina anti-Covid para crianças a loteria e critica Anvisa

Presidente voltou a relativizar mortes de crianças infectadas pelo coronavírus e desestimular a imunização delas

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 12 de janeiro de 2022 | 13:16
 
 
 
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Sem dar trégua no conflito aberto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a agência não apresentou "antídoto" para os raros efeitos colaterais das vacinas anti-Covid para crianças. 

"A Anvisa não disse qual o antídoto para possíveis efeitos colaterais. Por que eu falo possíveis? Alguns já existem por aí. Você não comprovou, mas já existem", disse o presidente, em entrevista ao canal Gazeta Brasil divulgada nesta quarta-feira (12).

Avaliações da Anvisa e de outras agências regulatórias pelo mundo, como a CDC dos Estados Unidos, já apontaram que os imunizantes são seguros e que os riscos são mínimos.

"Os próprios dados da CDC, a Anvisa americana, que tem a ver com a Pfizer, cada 1 milhão de crianças vacinadas, em torno de 180 podem sofrer de miocardite. É aquela velha história, não se deve jogar na loteria R$ 10 pra ganhar R$ 2. Parece que é o que está acontecendo, não posso afirmar", acrescenta Bolsonaro. 

Pelo menos desde 16 de dezembro, quando a Anvisa aprovou e recomendou ao Ministério da Saúde a dose pediátrica da Pfizer para crianças com idade entre 5 e 11 anos, Bolsonaro tem reiteradas vezes atuado contra a campanha de vacinação desse público

Nos últimos dias, Bolsonaro e Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, entraram em conflito público em torno da imunização das crianças, em meio à alta no número de novos casos de infecção, variante ômicron e proximidade do "volta às aulas".

Na semana passada, Bolsonaro levantou suspeitas sobre a agência ao questionar "qual o interesse da Anvisa" quando decidiu liberar a vacinação de crianças.

Numa dura carta, que impressionou até mesmo Bolsonaro, Barra Torres cobrou que o presidente apresentasse provas de possíveis irregularidades ou se retratasse. 

Em outro momento da entrevista, Bolsonaro relativizou novamente as mais de 311 mortes de crianças de 5 a 11 anos por Covid-19, contabilizadas pelo Ministério da Saúde desde o início da pandemia.

"Então, 300 e poucas crianças, lamento cada morte, ainda mais de crianças, a gente sente muito mais. Mas não justifica a vacinação pelos efeitos colaterais adversos", declarou.

Também nesta entrevista, Bolsonaro afirmou que "cobrou" do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a divulgação do número de reações adversas causadas pela vacina, que é uma função da Anvisa.

"Eu cobrei ontem do ministro Queiroga, da Saúde, a divulgação das pessoas com efeito colateral. Quantas pessoas estão tendo reação adversa no Brasil pós-vacina", disse Bolsonaro, que nunca cobrou ao Ministério da Saúde e à Anvisa a quantidade de pessoas que desenvolveram sequelas após infecção pelo coronavírus ou desenvolveram a forma grave da doença.

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