COMISSÃO DO G20

Lula faz aceno ao presidente do Banco Central durante reunião no Planalto

Roberto Campos Neto foi alvo de ataques durante meses de Lula; durante reunião no Palácio do Planalto, o petista elogiou a presença dele na instalação da Comissão Nacional do G20

Por Manuel Marçal
Publicado em 23 de novembro de 2023 | 11:53
 
 
 
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Depois de meses de ataques diretos ao presidente do Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, pela primeira vez, um aceno público para Roberto Campos Neto, que estava no encontro de instalação da Comissão Nacional do G20. 

Lula reuniu no Palácio do Planalto representantes de todos os ministérios, mais o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente da Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso. O Brasil assume a presidência do G20, que reúne as maiores economias do mundo, no próximo dia 1º de dezembro. O mandato é de um ano.  

“A novidade, pra quem pensava que o Banco Central não participava de reunião, o Roberto Campos do, Banco Central, que está cumprindo uma tarefa tanto quanto a nossa de participar das reuniões do G20”, disse Lula no encontro, logo após pontuar que sediar o grupo é mais importante, do ponto de vista político, do que sediar uma Copa do Mundo. E cobrou esforço dobrado dos ministros de governo.   

A fala de Lula na abertura da reunião ocorre meses após ele colocar em dúvida a intenção do presidente Campos Neto à frente da autoridade monetária e de pregar que ele não trabalhava a favor do Brasil e nem do governo federal.  

Petistas pregaram em Campos Neto a pecha de Bolsonarista pelo fato dele publicar uma foto usando uma camisa verde e amarela para ir votar nas eleições de 2022. As cores são associadas aos eleitores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. 

O presidente do BC, por sua vez, sempre negou que estivesse agindo contra o mandato de Lula, e se defendeu ao dizer que política econômica e monetária são coisas distintas.  

Desde que o Comitê de Política Monetária (Copom), que é vinculado ao BC, iniciou a redução da taxa Selic, Lula parou de criticar publicamente Campos Neto e de questionar a independência da autoridade monetária. 

O Banco Central anunciou o primeiro corte da taxa de juros durante o governo Lula ainda no início de agosto. Depois disso, houve três quedas sucessivas. Atualmente, a inflação oficial está em 12,25%.   

No fim de setembro, Lula teve uma audiência reservada com o presidente da autoridade monetária pela primeira vez. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi o mediador daquela reunião, disse à época que tinha sido “um encontro institucional, de aproximação, encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas”.  

Por fim, ele classificou como “excelente” a conversa de Lula com Campos Neto. Haddad nunca se opôs ao patamar da inflação oficial, que também classificava como elevado, ainda assim, ele sabia que os ataques diretos de Lula ao BC e a Campos Neto atrapalhava sua articulação junto ao mercado financeiro, ainda mais no momento em que os agentes financeiros ainda se mostravam incrédulos com a política de reformas econômicas do ministro da Fazenda.  

Ao comentar sobre o encontro com Lula no fim de setembro, o presidente do BC disse que o petista tem mais paciência e disposição para ouvir do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que classificou como "disperso". 

Em mais uma sinalização de harmonia com o Palácio do Planalto e a equipe econômica, Roberto Campos Neto classificou como importante o Executivo Federal manter a meta déficit zero nas contas públicas de 2024, ainda que o mercado se mostre desconfiado do Palácio do Planalto conseguir manter a meta fiscal com aumento de arrecadação de receita.  

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