O ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Carlos Fernando dos Santos Lima, que se aposentou do cargo de procurador no ano passado, reagiu duramente e chamou de "infâmia" à decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de demitir o procurador Diogo Castor. A decisão foi tomada ontem em razão de o membro do Ministério Público Federal (MPF) ter bancado um outdoor com exaltação e ele e seus colegas. O painel foi instalado em 2019, em uma via de acesso ao Aeroporto Internacional Afonso pena, em Curitiba e trazia a foto de dez procuradores da força-tarefa com a frase; "Bem-vindo à República de Curitiba".
Para Carlos Fernando Santos Lima, a punição sintetiza a falta de caráter que envolve o Congresso e o CNMP.
"A infâmia prevaleceu. A punição com pena de demissão de um dos membros originais da operação Lava Jato, o Procurador da República Diogo Castor, é a síntese dessa falta de parâmetros, de caráter e de limites que envolve o Congresso Nacional e o Conselho Nacional do Ministério Público. É uma demonstração do que pretende Arthur Lira com a PEC 05", afirmou Carlos Fernando Santos Lima, em referência à proposta de emenda à Constituição que alteraria a composição e a atuação do conselho do MP, diminuindo, segundo os procuradores, a autonomia do órgão.
"Ontem, com 3 membros a menos, sendo 2 oriundos do Ministério Público e um da Magistratura, por 6 a 5, o CNMP puniu com a pena de demissão um profissional diligente, inteligente e capacitado por ter pago de seu próprio bolso um cartaz em homenagem à operação Lava Jato. Não fosse a pequenez e ingenuidade da falta, se é que existiu, a desproporção da pena só mostra a sanha de perseguição encomendada pela classe política", continuou Carlos Fernando Santos Lima, em texto enviado pelo WhatsApp.
"A falta de proporcionalidade da composição atual do CNMP por ausência de deliberação dos nomes faltantes pelo Congresso Nacional é uma violação da Constituição. A desproporção da pena é uma violação da Constituição. O voto de Humberto Jacques é de um mau-caratismo absoluto. Tenho vergonha de ter sido colega desse cidadão", encerrou o ex-coordenador da Lava Jato.