Ministros hostilizados

Moraes não é o único ministro do STF a sofrer ataques; relembre

Insultos e ofensas públicas se tornaram constantes e partiram, principalmente, do ex-presidente Jair Bolsonaro, crítico a integrantes da Suprema Corte que contrariavam suas opiniões

Por Hédio Ferreira Júnior
Publicado em 16 de julho de 2023 | 12:02
 
 
 
normal

 Insultado por um grupo de brasileiros no Aeroporto Internacional de Roma, quando voltava ao Brasil de uma palestra na Itália, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, não é o único entre os seus pares a sofrer agressões públicas.

Além dele, outros integrantes da Suprema Corte, que tomaram decisões contrárias às ideias defendidas por Jair Bolsonaro, também sofreram insultos e perseguições públicas. Elas partiam tanto do próprio ex-presidente quanto de seus aliados - incluindo apelidos por sua aparência física.

O episódio da última sexta-feira (14) trouxe à tona agressões que comumente têm saído das redes sociais - onde vociferavam com mais eloquência no período pré-eleiotral - para as vias de fato. Além de xingamentos como “bandido”, “comunista” e “comprado”, Moraes teria o filho, que o acompanhava na viagem, agredido fisicamente. Os responsáveis foram identificados e a Polícia Federal investiga o caso. 

Duramente criticado pelos aliados e apoiadores de Bolsonaro, o ministro já foi alvo de agressões diretas em outras ocasiões. Em maio de 2020, ao chegar no prédio onde mora em São Paulo, foi cercado por três manifestantes inconformados com a sua decisão em negar a nomeação de Alexandre Ramagem - amigo da família Bolsonaro - para a diretoria-geral da Polícia Federal. Dois dos manifestantes foram condenados por ameaça, difamação, injúria e perturbação do sossego.

Barroso
Mas o ministro não está só nesse paredão de ofensas e ofensas pessoais. Em junho de 2022, quando ainda presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso foi atacado verbalmente por um homem em Harvard, uma universidade dos Estados Unidos. Na ocasião, ele chamou o ministro de "satanás" e "demônio". 

Meses depois, logo após o segundo turno das eleições, em novembro, outro ataque verbal aconteceu no exterior, dessa vez em Nova York. Uma mulher o abordou na rua e falou em tom ameaçador: "Cuidado. O povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte". Em outra ocasião, também em Nova York, após ser xingado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e questionado sobre as urnas eletrônicas, Barroso rebate: "Perdeu, mané. Não amola". Os dois casos foram filmados e publicados em suas redes sociais pelos agressores.

Quando ainda ocupava a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em julho passado, Barroso foi criticado publicamente por Bolsonaro, que alegou que o ministro usava de uma "história esfarrapada" e de uma "resposta imbecil" para afirmar que o voto impresso feriria o sigilo das eleições. Um mês depois, voltou a criticar o magistrado, acusando-o de prestar "um desserviço para a população brasileira".

Cármen Lúcia
A ministra do STF Cármen Lúcia também foi publicamente atacada, pouco antes do segundo turno das eleições de 2022. As agressões verbais partiram do ex-deputado federal Roberto Jefferson - preso dias depois após atacar, com tiros e granadas, policiais federais que foram até sua casa cumprir uma ordem de prisão determinada por Alexandre de Moraes. Em uma publicação em suas redes sociais, o ex-dirigente do PTB comparou a magistrada a uma prostituta, a quem também se referiu como "Bruxa de Blair".

Os ataques a Cármen Lúcia se repetiram logo depois do primeiro turno das eleições do ano passado. O autor: o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. Ele afirmou que a ministra estaria buscando causar "constrangimento pré-eleitoral" por determinar a apuração do envolvimento do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro em esquema de corrupção no Ministério da Educação.


O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!