Em debate com empresários na sede da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante do movimento em defesa da democracia, do qual a Fiesp participa e lançou um manifesto próprio.
"Quem sabe a carta que ele queria ter é uma carta feita pelos milicianos no Rio de Janeiro, e não feita por empresários, intelectuais, sindicalistas defendendo a urna eletrônica e o sistema democrático", provocou Lula, nesta terça-feira (9).
A referência à carta foi feita porque em 27 de julho, dia seguinte ao lançamento da carta elaborada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Bolsonaro ironizou o manifesto, que nesta terça-feira já conta com mais de 800 mil assinaturas.
"Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia, que queremos cada vez mais cumprir e respeitar a Constituição, não precisamos, então, de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que o nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito à Constituição", declarou o presidente na convenção do PP que aprovou o apoio à candidatura dele à reeleição.
Tanto Lula quanto o candidato a vice, ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), assinaram a carta em defesa da democracia da USP. Alckmin também estava presente no debate na Fiesp e parabenizou a entidade por ter aderido ao movimento democrático. Além dele, estava Aloizio Mercadante, ex-ministro e coordenador do programa de governo da campanha petista.
Ainda no encontro com empresários, que contou com a participação de representantes do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Lula defendeu as urnas eletrônicas, atacadas constantemente por Bolsonaro e apoiadores, sempre sem provas das fraudes alegadas.
"Eu acho que se pudesse roubar pelo voto eletrônico, eu não teria ganhado duas vezes, nem Dilma", referindo-se à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi reeleita em 2014.
A participação de Lula no debate faz parte de uma série de encontros organizados pela Fiesp com candidatos à Presidência, da qual já marcaram presença Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Bolsonaro estava agendado para a quinta-feira (11), mas cancelou. No mesmo dia, será feito um ato político na USP para leitura da carta, além de manifestações contra o governo federal.
Jurídico do PL já acionou o TSE contra Lula por ofender Bolsonaro
A associação entre Bolsonaro e milicianos, frequentemente feita por Lula em discursos e entrevistas, já foi parar em representação feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela equipe de advogados do Partido Liberal, sigla pela qual o presidente concorrerá à eleição em outubro.
Na última sexta-feira (5), o time jurídico do PL acionou oTSE com sete representações por propaganda eleitoral antecipada em eventos políticos e por ofensas contra Bolsonaro.
De acordo com as ações assinadas pela equipe do advogado do PL Tarcísio Vieira, ex-ministro da Corte Eleitoral, Lula "proferiu, ainda, gravíssimas ofensas à honra e à imagem" de Bolsonaro, "bem como realizou verdadeiro discurso de ódio contra seu opositor, o que reforça a gravidade dos atos praticados e o reprovável desrespeito do pré-candidato petista ao cumprimento das normas eleitorais, em prejuízo daqueles que se portam conforme entendimento jurisprudencial sedimentado".
As representações trazem como exemplos dessas ofensas trechos dos discursos de Lula em que o petista chama Bolsonaro de "genocida" e "miliciano".
O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.