Cerca de 5.000 pessoas protestaram na tarde deste sábado (9) na praça da Liberdade contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aguardar o trânsito em julgado de condenações para o início do cumprimento de pena.

O número foi estimado por responsáveis de movimentos que convocaram a manifestação. 

O ato, que foi chamado contra a decisão do STF, acabou virando pano de fundo para a indignação contra a soltura do ex-presidente Lula (PT) realizada nessa sexta-feira (8).  

Representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e Vemprarua, entretanto, disseram que o ato não era destinado à nenhum político específico, mas que a presença de grupos de ideologia da direita acabaram impulsionando a fúria contra o petista. 

Para Caíque Januzzi, um dos coordenadores do MBL em Minas, a situação é considerada natural. "A ideia do movimento é mostrar a indignação para aprovar de fato a PEC 410, que vai deixar claro que a prisão deve ser em segunda instância. Essa era a finalidade da manifestação. Consequentemente, o Lula é um dos maiores corruptos do Brasil, então acaba que é natural que essa indignação seja colocada junta e serve de combustível para o ato", declarou.

O aposentado Otaviano Lage, 78, disse que foi ao protesto para demonstrar o tamanho da indignação com o STF. "Podia estar tomando chope com os amigos na Serra, estou aqui por estar indignado com esse país. Tenho netos, estou muito preocupado como será o país que eles vão viver quando eles entrarem na idade produtiva", declarou. Para ele, falar que a medida beneficia os pobres é demagogia, por não terem recursos para bancar advogados.

Para o empresário Tiago Gomes Carvalho, 33, que pela primeira vez participou de uma manifestação, disse que se sentiu satisfeito pelas pessoas que têm o mesmo pensamento de manter o país da forma com que o governo de Jair Bolsonaro propõe, mas pediu que haja mais conscientização por parte da sociedade. "Deveriam ter mais pessoas aqui com essa consciência de que sem a gente o país não muda", afirmou.

Por volta das 17h, a concentração de manifestantes que estava próxima ao coreto da Praça da Liberdade se direcionou a um trio elétrico que chegou na manifestação. O protesto se encerrou por volta de 18h30. 

A Polícia Militar de Minas Gerais informou que não realiza mais estimativa de público em protestos.

Autocrítica 

Enquanto membros do MBL se diziam "perplexos" com a estimativa de 5.000 participantes, a empolgação não chegou à coordenação do movimento Vemprarua, que encabeçou a convocação. Em entrevista a O TEMPO, Kátia Pegos, coordenadora do movimento, avaliou que o ato tinha pouca adesão.

"Entendemos que a população precisa de novos fatos. Já estão entendendo, por exemplo, que pressionar parlamentares para entrarem com a PEC 410, que vai garantir a prisão na segunda instância é muito mais importante do que estar aqui talvez. Seria a quarta manifestação contra o STF e a gente já percebeu que não tem tanto impacto sobre eles. A gente gosta de ações que sejam mais impactantes. Viemos para marcar posição, mas sabíamos que provavelmente até pela rapidez da convocação não haveria tanta gente", avaliou.