Fórum dos Governadores

Novo diz que não fez nenhum tipo de orientação a Zema sobre assinatura de carta

Após criticar o presidente Jair Bolsonaro por participar de uma manifestação que pedia a volta da ditadura militar, a direção nacional da legenda não adotou a mesma postura em relação ao governador

Por Fransciny Alves / Rafaela Mansur
Publicado em 20 de abril de 2020 | 14:05
 
 
 
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Após criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por participar de uma manifestação que pedia a volta da ditadura militar, a direção nacional do partido Novo não adotou a mesma postura em relação ao fato de o governador Romeu Zema não ter assinado uma carta chancelada por outros 20 chefes do Executivo divulgada no último fim de semana.

Por meio de nota, enviada à coluna Minas na Esplanada nesta segunda-feira (20), o partido disse que separa a gestão partidária da gestão dos mandatos e, por isso, não fez nenhum tipo de orientação ao governador. “Zema já reforçou inúmeras vezes que acredita na liberdade, nas instituições, no Estado de direito e na democracia, assim como o Novo”, respondeu a legenda.

No documento intitulado “Carta Aberta à Sociedade Brasileira em Defesa da Democracia”, os governadores denunciam a “afronta” de Bolsonaro a “princípios democráticos que fundamentam nossa nação”. Isso por conta de declarações duras ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O mineiro recebeu uma chuva de críticas após ter sido o único governador da região Sudeste a se esquivar de assinar a carta aberta. Para se defender, pelo Twitter, Zema respondeu aos questionamentos sobre corroborar a postura do presidente, que, na manhã de domingo (19), participou de uma manifestação com apoiadores que pediram o retorno da ditadura militar e o fechamento do Congresso Nacional.

“Não assinar uma carta não diminui meu apreço ou luta pela democracia. Não sou a favor da volta do regime militar. Não consigo imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a democracia possa ter eco”, escreveu.

O partido Novo, no domingo (20), também havia publicado em seu perfil no Twitter uma nota de repúdio à atitude de Bolsonaro de participar da manifestação antidemocrática, dizendo: “Não existe caminho para a liberdade fora das instituições. Qualquer manifestação contrária à ordem dos poderes constituídos deve ser condenada”.

Brigas

O ataque de Bolsonaro à chefia do Legislativo se deu porque os presidentes têm pautado no Congresso projetos para diminuir os efeitos econômicos da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, como a compensação de perda de arrecadação de impostos pelos Estados por conta do fechamento do comércio.

Essa, no entanto, não é a primeira vez que Zema deixa de assinar uma carta do Fórum dos Governadores para não se indispor com Bolsonaro. Enquanto isso o reaproxima do presidente, de outro lado ele se isola dos chefes do Executivo que consideraram o ato como “egoísta”.

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