O ex-ministro da Justiça Sergio Moro conversou nesta quarta-feira (24) com a reportagem de O TEMPO na Cidade Administrativa, momentos antes de se encontrar com o governador Romeu Zema (Novo) para um almoço que pode ter como tema principal articulações para as eleições de 2022. Durante a entrevista, o possível candidato ao Planalto disse que nunca teve "nenhuma questão pessoal" com o ex-presidente Lula, mas que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acusar o então juiz da Lava Jato como parcial ao condenar o petista foi um "erro jurídico".
Ao repórter Pedro Augusto Figueiredo, Sergio Moro disse que durante o processo, fez apenas o trabalho dele como juiz, como avaliar as provas e analisar os fatos apresentados. "Vale lembrar que a sentença não foi só minha. O Tribunal (Federal) em Porto Alegre com três desembargadores confirmaram a minha decisão. Depois o Superior Tribunal de Justiça (STJ) igualmente confirmou a decisão com cinco magistrados. O ex-presidente foi condenado em outros processos e por outros juízes, as pessoas sabem, conhecem a verdade", afirmou.
Moro declarou que a Petrobras foi "saqueada durante o governo do Partido dos Trabalhadores", seja porque ela foi "roubada, mas também porque sofreu má gestão econômica".
"Antes disso tivemos o mensalão que foi julgado pelo STF, que naquela época, era comandado por Joaquim Barbosa que afirmou que havia esquema profissional de compra de voto em favor do governo do PT. Não foi invenção do STF ou da Lava Jato (os casos de corrupção), foram reais, as pessoas sabem disso, milhões de pessoas saíram nas ruas para protestar. Tenho grande respeito pelo STF e pelos ministros, mas acho que foi um erro judiciário, mas não podemos atacar o Supremo por conta disso. Tem excelentes ministros lá, mas a gente lamenta que houve esse retrocesso", pontuou.
Para o ex-ministro da Justiça, em vez de "chorar pela decisão", o governo federal deveria colocar o Brasil nos trilhos de combate à corrupção, como apresentar projetos de lei e mudar a constituição para corrigir decisões como a proferida pelo STF em junho. "Isso evita desvio de dinheiro público", considerou.