Após não conseguir sequer uma cadeira na Câmara dos Deputados no ano passado, o Partido Novo em Minas Gerais terá seu comando remodelado em setembro e aposta, para 2024, em chapas competitivas para ampliar seu número de vereadores pelas cidades mineiras. Segundo fontes da legenda, o lançamento de candidatos a prefeituras só vai acontecer se houver chance de vitória, sem a intenção de apenas “marcar território”, como ocorreu em pleitos anteriores. 

Mesmo após o governador Romeu Zema (Novo) conquistar a reeleição ainda no primeiro turno, o Novo apostou em mudanças para ampliar seu território na próxima eleição. Ronnye Antunes deixou o comando do diretório estadual, que agora tem como chefe Christopher Laguna, que era responsável pela gestão da legenda em BH. Agora, na capital, quem assume é o empresário Frederico Papatella, atual conselheiro da Câmara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL-BH). 

“Nós vamos tentar estar em ao menos 100 municípios, principalmente com chapa de vereadores. É claro que se tivermos alguma cidade onde algum pré-candidato comece a despontar, a gente pode ir em uma majoritária, como prefeito ou compondo com uma vice-candidatura. Mas, isso vai depender de um candidato forte, que além de representar nossos valores, tenha condição de assumir o trabalho”, diz Christopher Laguna, que vai assumir o diretório estadual do Novo em Minas. 

Segundo Laguna, em BH, o cenário atual aponta para três possibilidades de candidatos a prefeito: a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto; Lucas Gonzales, atual assessor do vice-governador Mateus Simões (Novo); e o radialista Eduardo Costa, que chegou a ser convidado para ser vice de Zema, mas desistiu após pressão da federação do PSDB com o Cidadania, legenda a qual o jornalista é filiado atualmente. 

“A gente vê que tanto o Lucas Gonzalez quanto a Luísa Barreto (agradam). Tem o Eduardo Costa também, que a gente pode estar apoiando ele, ou até mesmo ele aqui dentro do Novo. Além dos três vereadores brilhantes (Braulio Lara, Fernanda Pereira Altoé e Marcela Trópia). Qualquer um deles poderia disputar uma majoritária. Mas, eles precisam ter uma musculatura. Talvez, não seja o momento”, afirma Laguna. 

Dos nomes citados, o único com experiência na política é Lucas Gonzalez, que foi deputado federal por Minas na legislatura passada. Luísa Barreto chegou a ser candidata à PBH em 2020, quando ainda integrava o PSDB, mas recebeu apenas 17 mil votos, ficando atrás, inclusive, do candidato do Novo à época, Rodrigo Paiva. Já Eduardo Costa nunca se candidatou na vida. 

Ainda no cenário da capital mineira, uma outra fonte ligada ao Novo, que conversou com a reportagem sob anonimato, diz que vê chance da legenda fechar um apoio ao PL, sigla que deve ter um candidato à PBH. Para essa pessoa, a já adiantada coalizão entre as partes em Contagem, na região metropolitana de BH, reforça esse pensamento. Na prefeitura local, o deputado federal Cabo Junio Amaral (PL-MG) deve desafiar a atual prefeita Marília Campos (PT), que tentará seu quarto mandato na cidade. 

O PL ainda não decidiu quem será seu candidato em BH. O mais cotado no momento é o nome do deputado estadual Bruno Engler, o mais votado na ALMG no ano passado. Apesar dele ter ficado em segundo lugar na disputa municipal de 2020, quando Alexandre Kalil (PSD) se reelegeu no primeiro turno, o nome não agrada à parte do Novo, segundo essa mesma fonte. 

A preocupação dessa ala do partido do governador Zema é de que Bruno Engler talvez não tenha força suficiente para se eleger em BH. Dessa maneira, o nome preferido da legenda seria o do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que já foi vereador na cidade e bateu como parlamentar mais votado do Brasil em 2022. A avaliação dessa fonte é de que Nikolas dificilmente sairia derrotado em BH, após atingir 306 mil votos só na capital no ano passado. 

Outra possibilidade aventada por esse interlocutor é uma composição com o Republicanos, legenda que tem hoje três deputados estaduais e dois federais em Minas. No entanto, na visão dessa fonte, a coalizão só seria possível caso Gabriel Azevedo não fosse o candidato da agremiação, como tem sido ventilado. A avaliação é de que o presidente da Câmara Municipal de BH já criticou o Novo em outras oportunidades, portanto a contradição poderia pegar mal com o eleitorado. Uma alternativa, por exemplo, seria o deputado estadual Mauro Tramonte, que como apresentador de TV tem um perfil parecido com Eduardo Costa. 

Filiações em queda

Para além do desempenho ruim no Legislativo em 2022, o Novo, assim como outros partidos, como mostrou O TEMPO nesta reportagem, encolheu desde a última eleição municipal quanto às filiações partidárias. Desde 2020, a legenda perdeu 832 filiados. Por outro lado, ganhou 235 neste ano, sendo uma das sete agremiações em ascensão em 2023. 

Para Christopher Laguna, atual presidente do Novo em BH e futuro presidente do diretório de Minas Gerais, o desempenho em 2023 já aponta para um fortalecimento da legenda. “Na última eleição municipal, a gente foi muito prejudicado pelo presidente nacional (João Amoêdo), que hoje, graças a Deus, não está mais no partido. Então, o Novo, após a gente conseguir reestruturar a partir de 2022, tem crescido. Todo mês, a gente tem uma reunião partidária focada nas filiações e no treinamento dos atuais filiados para 2024. Melhoramos, inclusive, a nossa comunicação”, afirma.

Atualmente, o Novo tem três vereadores na Câmara de BH (Braulio Lara, Fernanda Pereira Altoé e Marcela Trópia) e dois deputados estaduais (Dr. Maurício e Zé Laviola). O partido não tem representação na bancada mineira da Câmara dos Deputados. No interior, são dois prefeitos: Gleidson Azevedo, irmão do senador Cleitinho, em Divinópolis, no Centro-Oeste do estado; e Luis Eduardo Falcão, marido da deputada estadual Lud Falcão (Podemos), em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.