São Paulo. A auxiliar administrativa e financeira do grupo Bellini Cultural e testemunha da operação Boca Livre, Katia dos Santos Piauy, apontou fraudes praticadas pelo conglomerado investigado pelo desvio de R$ 180 milhões em projetos da Lei Rouanet.
Em depoimento dado à Polícia Federal (PF) em 30 de junho, Katia Piauy cita, entre as fraudes, a falsificação de recibos de doação de livros produzidos por meio de isenção fiscal. Para forjar os documentos, segundo ela, o grupo teria a ajuda da Academia Latino-Americana de Artes (ALA), dirigida pelo empresário Fábio Porchat, pai do humorista do Porta dos Fundos.
Entre os conselheiros da associação está Antonio Carlos Bellini, presidente do grupo Bellini. As informações foram divulgadas ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Katia Piauy, que fez três projetos culturais e captou R$ 647,6 mil, afirma no texto da PF que “tinha conhecimento que Bellini, por possuir muitos contatos nomeio artístico e cultural, conseguiria tais comprovantes”. A ALA “fornecia a Bellini essas declarações falsas de que teria recebido livros”.
Quanto aos livros que deveriam ser doados, Katia disse que “tem conhecimento de que grande número de exemplares encontravamse abandonados na sede do escritório das empresas e na Fazenda (em São João da Boa Vista)”.
Procurados pelo jornal “Folha se S. Paulo”, a testemunha, Fábio Porchat pai e a empresa Mazer preferiram não se manifestar sobre o assunto. Os advogados que representam os suspeitos não atenderam às ligações.