Restauração

Palácio das Mangabeiras passa por obras para sediar CASACOR

Aluguel seria pago em benfeitorias, e reformas deixariam local apto para receber outros eventos

Por Ana Luiza Faria
Publicado em 23 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
normal

O Palácio das Mangabeiras, residência oficial do chefe do Executivo, vai sediar um dos eventos mais tradicionais de Belo Horizonte, a CASACOR, mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo que completa 25 anos em 2019. O evento está marcado para agosto. A informação foi confirmada por uma fonte do governo de Minas que pediu para não ser identificada. Como adiantou o jornal O TEMPO na edição do dia 4 deste mês, o Palácio das Mangabeiras será transformado em um espaço para eventos. Contudo, por meio de nota, a assessoria de imprensa do governo de Minas não confirmou e declarou que ainda estuda a possibilidade, não tendo nenhuma definição até o momento.

Outro interlocutor do Executivo garantiu que as obras no local já estão a todo vapor. “Toda a estrutura do evento já está sendo montada lá dentro. Não sei diferenciar o que é obra que pode ficar para sempre no palácio do que será retirado depois que acabar a CASACOR. Mas eles já estão mexendo em tudo lá. É um entra e sai de caminhão a todo momento”, afirmou a fonte.

De acordo com o interlocutor, o aluguel do local provavelmente será pago em benfeitorias. Ou seja, o locatário fará as reformas que o palácio demanda e não pagará para utilizar o espaço. “Assim, o local fica pronto para outros eventos”, disse. 

Na campanha eleitoral, o governador Romeu Zema (Novo) declarou, por diversas vezes, que não usaria o Palácio das Mangabeiras para morar e que transformaria o local em “museu de mordomias”. O objetivo de tal iniciativa, segundo o governador, seria mostrar para os mineiros benefícios a que seus antecessores tinham direito utilizando-se de recurso público, mesmo o Estado não tendo dinheiro para pagar os servidores em dia.

Porém, apenas a primeira parte da promessa de campanha foi cumprida Desde que assumiu o cargo, o governador do Estado mora em uma casa no bairro Bandeirantes, na região da Pampulha. Já o prometido “museu das mordomias” ficou de lado.

A reportagem questionou o governo sobre como será feito pagamento do aluguel do Palácio das Mangabeiras para o evento e quais obras seriam realizadas no local, caso o pagamento fosse realizado por meio de benfeitorias, se há algum impedimento na legislação para a realização de eventos no local e sobre a liberação do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. No entanto, nenhuma dessas perguntas foi respondida. 

Regras

No início do mês, o Gabinete Militar do governador informou que não há nenhuma legislação que impeça a utilização do local para os fins pretendidos pelo Executivo e explicou que o Decreto 46.983/2016 classifica o local como área de segurança por ser residência oficial, mas, caso a finalidade seja alterada, a área será desafetada, ou seja, deixará de ser um local de segurança. 

Na ocasião, sobre a liberação do Corpo de Bombeiros para a utilização do Palácio como área de eventos, o Gabinete Militar afirmou que, atualmente, a classificação do Mangabeiras é para uso residencial e, por isso, dispensa o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. 

Divisão

A realização da CASACOR no Palácio das Mangabeiras divide a opinião de moradores e de quem frequenta o bairro, na região Centro-Sul da capital. A psicóloga Bruna Gontijo, 36, aprova a ideia do governo de Minas. “Acho que vai ser interessante a CASACOR ser no Palácio das Mangabeiras, afinal essa será a oportunidade de nós conhecermos o lugar, que é um bem público”, explicou. 

Para a psicóloga, que leva e busca seu filho em uma escola bem próxima ao palácio, o trânsito não deve ser afetado. Ela acredita que o único problema será encontrar vagas perto do local. “Acho que o trânsito não vai mudar muito, não, pois não acredito que durante a semana, no final da tarde, a exposição terá muitos visitantes”, declarou Bruna.

Já para a advogada Fernanda Cardoso, 41, a mostra deve trazer transtornos para a região. “O trânsito aqui já não é muito bom, com um evento desse porte no palácio ou em qualquer outro lugar do bairro com certeza vai atrapalhar muito o dia a dia de quem vive aqui”, afirmou. 

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Rodrigo Bedran, afirmou que eles ainda não foram comunicados oficialmente pelo governo. No entanto, não vê com bons olhos a realização da mostra no bairro. “A associação entende que o bairro é uma área residencial e, por isso, deve ser preservada a sua destinação. Ao promover um evento da proporção da CASACOR no palácio, a associação entende que não atinge a finalidade esperada para o local, uma vez que lá é um palácio do governador e não para sediar evento”, disse.

De acordo com o presidente, a cidade possui outros espaços que podem receber a mostra. “Grandes eventos possuem locais próprios para isso, como a Gameleira e o Minascentro”, concluiu. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!