Em ato simbólico no Memorial da República Presidente Itamar Franco, o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) lançou, nesta terça-feira (16), em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a campanha ao governo de Minas Gerais. Pestana, assim como Itamar, é natural de Juiz de Fora. A chapa encabeçada pelo tucano terá o vice-governador Paulo Brant (PSDB) justamente como candidato a vice, e o vereador de Belo Horizonte Bruno Miranda (PDT), ao Senado.
Em busca de reivindicar a memória de Itamar (1930-2011), Pestana destacou a proximidade entre ambos. “O meu pai (Agostinho Pestana) o sucedeu na Prefeitura de Juiz de Fora em 1970 - eles eram amigos, colegas de engenharia, o meu pai era padrinho de casamento do Itamar”, afirmou o ex-secretário de Estado de Saúde. O candidato ainda lembrou que, quando se elegeu vereador de Juiz de Fora, em 1982, em uma chapa do PMDB em que Itamar era candidato ao Senado, Tancredo Neves ao governo e Tarcísio Delgado à Prefeitura de Juiz de Fora.
Para Pestana, Itamar é um contraponto à onda antipolítica que emergiu nas eleições de 2016 e 2018. “Quem propaga antipolítica está deseducando o povo. É a anti-pedagogia, porque só a política pode transformar a vida das pessoas. (...) O Brasil está precisando de pessoas como ele. É um pronunciamento claro que a gente acredita na boa política como ferramenta de vida”, acrescentou o ex-deputado federal, que soma 1,2% das intenções de voto, conforme a pesquisa DATATEMPO realizada entre 15 e 20 de julho.
Questionado, Pestana rechaçou a proximidade entre o PSDB e o Novo durante o primeiro mandato do governador Romeu Zema (Novo). Os deputados Luiz Humberto Carneiro - falecido em abril de 2021 - e Gustavo Valadares – hoje filiado ao PMN – lideraram o governo Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “Luiz Humberto e Gustavo (apenas) ajudaram. Não pedimos nenhuma participação no governo. Não temos nenhum cargo no governo”, pontuou. “E há de se notar que Zema é o primeiro governador na história de Minas a não construir maioria na ALMG.”
Já Brant, eleito como vice de Zema quando ainda era filiado ao Novo, ressaltou que deixou claras as divergências com o governo ao se desfiliar. “Não há nenhuma contradição. As divergências que hoje eu explicito quando faço parta da chapa com Pestana são as mesmas que explicitei em março de 2020”, apontou. Em retaliação à candidatura de Brant como vice de Pestana, Zema, inclusive, exonerou 23 dos 26 servidores da vice-governador na última quinta-feira (11).
Em crítica a Zema, Pestana ainda afirmou que “é evidente que o Novo está cada vez mais velho”. “O Novo tinha no estatuto que era contra a reeleição, mas o governador está indo para a reeleição. O Novo era contra alianças e coligações partidárias e está reunido com o que há de mais atrasado em Minas Gerais”, questionou, acrescentando que a condução para a escolha do candidato a vice foi “uma mistura de arrogância com amadorismo e inexperiência”.
Além de Miranda, o presidente estadual do PDT, Mário Heringer, também prestigiou o lançamento da campanha de Pestana. Heringer minimizou a relação entre PSDB e Zema, que, conforme argumentou, foi uma opção própria dos tucanos. “Eu não sou do PSDB, nunca fui do PSDB”, ponderou o deputado federal. A princípio, o PDT lançaria o ex-deputado federal Miguel Corrêa como candidato, que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, seria inelegível.
Para Heringer, o desembarque do governo Zema reaproximou o PSDB e o PDT, já que os trabalhistas estiveram nos governos Aécio Neves (2003-2010) e Antônio Anastasia (2011-2014). “Juntou a fome com a vontade de comer. O ponto mais importante disso é que o PSDB, não tendo candidato nacional em Minas e não acreditando em uma posição de fazer uma terceira via com a Simonte Tebet (MDB), declarou claramente que apoiaria Ciro Gomes”, ressaltou.
A campanha de Pestana será coordenada pelo ex-deputado estadual e ex-secretário de Estado de Saúde Antônio Jorge. O presidente estadual do PSDB, Paulo Abi-Ackel, não estava presente no ato. Ainda nesta terça, o candidato lançou o comitê de campanha em Juiz de Fora.