Entrevista

‘Podem esperar um presidente que governará para todos’

Marcelo Álvaro Antônio comenta a atuação de Minas junto a Bolsonaro, de seu partido, e as medidas anunciadas por Zema


Publicado em 03 de novembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Marcelo Álvaro Antônio

Deputado reeleito pelo PSL e presidente da sigla em Minas Gerais

Em entrevista ao Café com Política, da rádio Super Notícia 91,7 FM, o deputado reeleito comenta a atuação de Minas Gerais junto ao presidente eleito Jair Bolsonaro, de seu partido, e também medidas anunciadas pelo governador eleito Romeu Zema (Novo).

O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou o juiz o Sergio Moro para um ministério. Qual tem sido a repercussão?

É a melhor possível. Ministro, Moro vai assumir um superministério, vai haver a fusão do ministério da Justiça como o da Segurança Pública. A nossa expectativa é que seja implantada a maior agenda anticorrupção e anticrime organizado deste país. Para o Brasil avançar, primeiro temos que fazer esse papel de limpar a casa. Precisa mostrar que a corrupção não valerá mais a pena. Isso é fundamental para que o país avance, tanto que repercutiu nacionalmente, internacionalmente. A Bolsa de Valores bateu seu recorde histórico, o dólar caindo. Ou seja, o mercado financeiro reagiu bem.

Jair Bolsonaro anunciou carta branca a Moro. Ele vai ter toda essa abertura?

Ele vai ter total liberdade de implantar as agendas anticorrupção, anticrime organizado. Vou repetir uma fala que o Jair falou: “Quando existe um casamento, quem está casando não pensa em se separar”. Pelo perfil de Jair Bolsonaro e de Sergio Moro, tem tudo para que a gente possa ter essa agenda que vai beneficiar o povo brasileiro.

Quando Bolsonaro deve anunciar a equipe de transição? O senhor vai fazer parte dela?

Provavelmente, não. O PSL elegeu 52 deputados federais, mas apenas três foram reeleitos: Eduardo Bolsonaro, o delegado Valdir, de Goiás, e eu. Então, acredito que vou ter um papel um pouco mais trabalhoso na Câmara Federal e, portanto, não devo participar da equipe de transição, que deve ser anunciada nos próximos dias.

Qual a postura que o presidente tem indicado sobre a relação com a imprensa, já que se falou tanto em transparência na campanha?

Bolsonaro sempre utiliza as redes sociais para fazer os anúncios, e acredito que ele tende a permanecer dessa forma. Ele sempre se dispôs a ter uma relação profícua com a imprensa. Infelizmente, alguns órgãos, não todos, obviamente, insistiram em distorcer as falas de Bolsonaro. Isso certamente o levou a utilizar mais as redes. 

Nesses últimos anos de governo federal, Minas foi considerada desprestigiada, sem uma pasta importante. Devemos ter mineiros na equipe dele, em algum ministério?

Minas sempre esteve no protagonismo nacional pelo seu porte, não só habitacional, mas também econômico. Mas Bolsonaro vai colocar pessoas competentes. Minas tem bons quadros, boas pessoas para ocupar ministérios, por exemplo. Se houver um mineiro com essa aptidão a um determinado ministério, Bolsonaro certamente vai convocá-lo para compor o governo.

A bancada do PSL é uma das maiores da Câmara, e há articulações para tentar aumentá-la. Como estão as negociações para o início da gestão?

Vamos iniciar um novo ciclo no Brasil. Há mais de 30 anos, a governabilidade foi construída entregando ministérios a partidos políticos. Bolsonaro assumiu este compromisso de que não vai entrar no jogo de toma lá dá cá. Já estamos conversando na Câmara dos Deputados com líderes bem intencionados, dispostos a ajudar o Brasil nesse novo modelo de relacionamento entre o governo federal e a Câmara dos Deputados. Bolsonaro não vai voltar atrás na palavra dele, vai manter o compromisso de não entregar ministérios. O deputado e a deputada que for base de governo, e também a oposição, vão ter suas emendas parlamentares individuais, os ministérios para atender as bases. A gente acredita que pode garantir governabilidade atendendo cada deputado na sua base.

Houve uma declaração do senhor nesta semana de que o governador eleito Romeu Zema teria usado a imagem de Bolsonaro para crescer diante dos eleitores. Zema se aproveitou da imagem de Bolsonaro para se eleger?

Não, de forma nenhuma. Esse vídeo que gravei foi uma questão pontual. Foi em relação àquela declaração que ele deu em uma rádio dizendo que Bolsonaro tem alguns posicionamentos extremistas. Até aí, tudo bem, ninguém é obrigado a concordar 100% com aquilo que Bolsonaro pensa. Mas, logo após, eu acredito que em um momento de infelicidade, ele começou a dar exemplo com a empresa dele: “olha, na minha empresa sou tolerante”, falando que Bolsonaro talvez seja intolerante. “Na minha empresa, não faço diferenciação de pessoas”, como se Bolsonaro fizesse. Não existe problema de relacionamento com o governador. Não vou dizer que ele se aproveitou, não acredito que foi isso. 

Quando o PSL deve se reunir para se posicionar em relação ao governo de Minas?

A gente está primeiro reunindo para discutir a questão da Assembleia Legislativa. Tivemos uma reunião ontem (quinta-feira, 1) com a bancada, e foi deliberado que, na próxima terça-feira, haverá outra. Vamos ouvir os candidatos a presidente da Assembleia que já estão postos. A gente entende que o PSL precisa ouvir, dialogar, entender quais são as intenções de cada um, e também há a possibilidade de lançar um candidato próprio a presidente da Assembleia. 

Zema tem dito que há a possibilidade de ele manter nomes do secretariado atual, quem ele considera que tem perfil técnico. Isso pode ser um impeditivo do apoio do PSL à gestão?

Não, absolutamente. A gestão é do governador Zema, do partido Novo. O papel do PSL vai ser na Assembleia Legislativa. Não vejo problema em ele escolher seu secretariado, inclusive mantendo alguns que hoje compõem o governo Fernando Pimentel. Mas isso está sendo discutido entre os deputados estaduais, se o partido pode ser base ou independente. 

Qual avaliação o senhor faz das medidas que ele já tem anunciado, como contratar secretários através de uma empresa de recrutamento?

É um novo modelo. Nunca presenciei nada parecido. A gente espera que dê certo. Na minha avaliação, é um risco considerável, pois acredito que a escolha do secretariado é pessoal. Passar por processo seletivo não sei se é o ideal, mas ele é o governador e tem liberdade de escolher a metodologia.

O que o presidente eleito tem pedido ao senhor, que é a pessoa à frente do partido no Estado? O que ele espera de Minas Gerais? E o que a classe política de Minas pode esperar da gestão Bolsonaro?

Uma gestão tendo Minas Gerais no protagonismo do governo federal. Sabemos que Minas está numa situação econômica delicada, precisará contar com o governo federal. Nós temos aí algumas obras travadas, outras sem investimento – a BR–381 por exemplo, vai a passos de tartaruga. Nós precisamos tentar pelo menos iniciar as obras do metrô em Belo Horizonte, ter uma atenção especial com o Rodoanel. A classe política pode esperar um governo austero e com uma atenção especial pra Minas.

O governador eleito disse que há uma pretensão de privatizar o metrô. O senhor é a favor dessa medida?

A privatização pode ser uma opção, mas acho que tem que fazer um diagnóstico mais aprofundado, entender a viabilidade disso, se isso pode impactar, por exemplo, o valor da tarifa para o usuário. Tudo aquilo que vai onerar o usuário não é bom neste momento que a gente vive.

O que dizer para os eleitos que não votaram nos candidatos do PSL e que têm demonstrado medo do que está por vir?

Que podem esperar um presidente que governará para todos. Já estão aparecendo aí os profetas da catástrofe dizendo que Bolsonaro vai dividir o país. Muito pelo contrário, Jair sempre bateu na tecla que nós precisamos unir o nosso país. Acabar com essa divisão que só interessa aos partidos de esquerda, entre brancos e negros, homossexuais e heterossexuais, ricos e pobres. O melhor benefício para a nação é o desenvolvimento da nossa economia, essa agenda é fundamental para devolver aos brasileiros a dignidade, os bons empregos para que nosso país possa avançar de forma igual.

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