Por apenas um voto, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) decidiu arquivar a denúncia contra o vereador Flávio dos Santos (Podemos) e, assim, não abrir processo de cassação do mandato do parlamentar. Para que se iniciasse a ação, era necessário ter maioria simples, com 21 votos favoráveis. No entanto, dos 35 vereadores presentes na sessão desta sexta-feira, 13, apenas 20 registraram voto pela cassação. Quatro foram contrários, três se abstiveram, enquanto oito parlamentares marcaram presença, mas não registraram voto, dentre eles o vereador Wellington Magalhães (DC) que possui processo de cassação em aberto na Câmara.
Os vereadores Jair Di Gregório (PP), Wesley Autoescola (PRP), Coronel Piccinini (PSB) e Bispo Fernando Luiz (PSB) votaram contra a abertura do processo. Já os vereadores Preto (DEM), Álvaro Damião (DEM) e Jorge Santos (Republicanos) registraram abstenção.
“Para comprovar se houve quebra de decoro, é preciso que a Polícia Civil adiante mais sobre o inquérito. Não sabemos o que tem apurado”, afirmou Wesley Autoescola, justificando seu voto contrário.
Indignado com o resultado, o vereador Matheus Simões (Novo) criticou os colegas ao sair da sessão. “Estou envergonhado com a postura de alguns vereadores. Eu não estou discutindo se o vereador Flávio dos Santos é culpado ou não, mas é inadmissível que, com os áudios que temos, não se abra nem o processo de investigação. Não estamos falando de cassar o vereador, mas de investigar, essa é uma das nossas funções”, ressaltou Simões.
O vereador do Novo apontou também um suposto coleguismo e troca de favores por parte de alguns parlamentares. “Eu ouvi várias vezes hoje: ‘Chega de cassação, vamos salvar todo mundo’. Inclusive, o próprio Wellington Magalhães fez menção que votaria e não votou, em sinal claro de que estaria fazendo um favor em troca de sua salvação no fim do ano”, afirmou Simões.
Procurado em seu gabinete, o vereador Flávio dos Santos não foi encontrado para comentar a votação. A assessoria do parlamentar informou que ele teria passado mal, com picos de pressão.
Flávio dos Santos foi denunciado pelo estudante de direito Eduardo Otoni e pelo ex-funcionário de seu gabinete Edilson Sena. Eles relatam que o parlamentar teria cometido a chamada “rachadinha” – quando os empregados do vereador repassam parte do salário para ele –, além de ter feito “gatos” de energia e água em sua casa e de ter usado, para fins pessoais, o carro oficial cedido pela CMBH para atividades exclusivamente relacionadas ao mandato.
É a segunda denúncia contra Flávio dos Santos arquivada por escolha do plenário. Em julho, outra acusação também foi rejeitada.