Após os últimos episódios envolvendo o presidente da República no caso dos assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ficou ainda mais nítido que o Brasil precisa parar Bolsonaro. E não pode esperar mais, com risco de desintegração da nação e degradação ainda mais profunda das nossas instituições.
Já me manifestei neste espaço contra a interrupção do mandato presidencial sem crime de responsabilidade. Mas a confissão do presidente de que se apoderou de provas da investigação dos homicídios, contidas nas gravações da portaria do seu condomínio, caracteriza-se como reconhecimento de crime, de interferência ilícita em apuração criminal com o objetivo de proteger a si próprio e sua família.
A interferência do presidente nas investigações que poderiam levar à sua criminalização pode ser enquadrada como crime de responsabilidade, constante no artigo 85 da Constituição Federal, que diz textualmente que o mandatário não pode atentar contra “o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”. As condições para deposição de Bolsonaro do cargo de presidente já estão dadas, pois cometera crime de responsabilidade.
Politicamente, o presidente encontra-se em completo isolamento, já que está em guerra até com o partido que o elegeu, o PSL. Sobrou apenas um grupo isolado em seu apoio, comandado por seus filhos, também envolvidos em irregularidades. O senador Flávio Bolsonaro já assumiu o mandato acusado, por amplas provas, de utilização de funcionários-fantasma, como o famoso Fabrício Queiroz, que mantém ligação com as milícias cariocas. Já o deputado Eduardo defendeu a edição de um novo AI-5, ato institucional usado na ditadura militar para fechar o Congresso e oficializar o terrorismo de Estado, com execução de assassinatos, perseguições e torturas. A ameaça do Bolsonaro deputado já é analisada como passível de cassação do seu mandato.
O Brasil tem que se ver livre de Bolsonaro, pois ele é uma ameaça ao país. O verde que representa nossas florestas na bandeira nacional ardeu recentemente em labaredas que queimaram a Amazônia. Em visita à Arábia Saudita, o presidente confessou ter “potencializado” os incêndios na região por discordar das políticas ambientais que vinham sendo adotadas em governos anteriores.
Já os mares representados no azul da bandeira são ameaçados pela catástrofe ambiental causada pela enorme mancha de óleo que se espalha por nosso litoral. Nesse caso, a atuação do governo federal é, no mínimo, irresponsável. No início, não tomou nenhuma atitude, a não ser acusar levianamente a Venezuela do vazamento, hipótese já oficialmente descartada. A limpeza e o combate ao óleo foram assumidos por governos, prefeituras e voluntários do Nordeste. Usando de ironia e desprezo para tratar do caso, Bolsonaro afirmou: “Talvez semana que vem eu consiga um tempo para sobrevoar a região”.
O Brasil não pode mais esperar. É preciso dar um basta em Bolsonaro. Iniciar o processo do seu impeachment e salvar o futuro da nação. Ou tomamos essa atitude agora, ou passaremos para a história como coniventes de atentar contra nosso próprio país.