Política em Análise

A candidatura de Fabiano Cazeca

Candidato do PROS tem o perfil que o eleitorado tem se acostumado a escolher, mas ainda não se mostrou bom de voto

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 11 de setembro de 2020 | 10:05
 
 
 
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Na série de análises sobre os candidatos confirmados em convenção para a disputa da Prefeitura de Belo Horizonte, hoje é dia de falar de Fabiano Cazeca, que foi escolhido como postulante ao cargo pelo PROS no último dia 3. E, como nos casos anteriores, abordo desafios, estratégias pontos positivos e negativos que podem definir o futuro da campanha.

No caso de Fabiano Cazeca, empresário do setor de consórcios, pode pesar a favor na disputa pela PBH o perfil semelhante ao escolhido pelo eleitor nos últimos anos. Com uma postura autêntica, combativa, sincera na hora de dar a opinião, ele tende a chamar atenção na campanha. Esse perfil mais comum, mais humano, eu diria, que fala de uma forma mais rasgada, ajudou a eleger nomes como o próprio Alexandre Kalil (PSD), em 2016, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018. Até mesmo Romeu Zema, que é um pouco mais comedido em geral, na campanha também mostrou-se um candidato com esse perfil. Tanto pretende ser assim na campanha que Fabiano Cazeca já partiu para o ataque logo na convenção que escolheu seu nome, com cutucadas em Kalil.

Também é bom realçar o fato de que Cazeca tem condição de sustentar financeiramente uma candidatura com recursos próprios, se assim for necessário nesse período de pindaíba financeira pelo qual passa o país. Para se ter uma ideia, assim foi na eleição para deputado federal, quando ele tirou R$ 1 milhão do próprio bolso para tentar se eleger e não contou com nenhum tipo de doação privada ou recurso público de fundo partidário ou eleitoral.

Por mais que não tenha experiência com a coisa pública, Cazeca tem um histórico de empresário de sucesso, reconhecido na cidade de Itapecerica, onde surgiu, o que acaba sendo também uma ajuda na hora de construir para o eleitorado a imagem de bom gestor.

Mas a campanha vai sofrer também com outros aspectos. E o principal deles é que, até agora, Fabiano Cazeca não se mostrou bom de voto. Na disputa para a Câmara Federal, em 2018, por exemplo, ele teve apenas 19 mil votos em todo o Estado. Desses, só cerca de 2.500 em Belo Horizonte, cidade que agora quer comandar. Teve menos votação em BH do que em Itapecerica, onde arrebanhou um terço dos votos dos munícipes. Mesmo em outras esferas, como na disputa no Clube Atlético Mineiro, ele também não teve êxito. Na eleição contra Sergio Sette Câmara, por exemplo, tomou uma goleada: 266 a 41.

Cazeca também deve sofrer por ser pouco conhecido do público em geral. A maioria das pessoas que estão fora dos círculos empresariais e políticos não conhecem o candidato. Por causa disso, ele tem feito um esforço enorme para tornar-se conhecido.

Assim, chegou a ser homenageado pelo enredo de uma escola de samba de Belo Horizonte no carnaval de 2020. E tem participado de lives feitas por sua empresa. Em uma delas, participa de uma paródia do seriado Escolinha do Professor Raimundo, no qual interpreta o Seu Cazeca. 

O fato de ser mais conhecido em Itapecerica do que em BH também pode trazer outros questionamentos na campanha. Adversários podem, por exemplo, questionar o fato de a esposa de Cazeca, Joyce Rios, ser candidata a vice-prefeita por lá, na chapa do prefeito Têko, candidato à reeleição. Afinal, se os dois vencerem a eleição, como vai ser?

A série de análises sobre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte retorna na quarta-feira.


Nota do colunista: Em determinado momento do vídeo de análise, eu falo em Itapecerica da Serra, em vez de Itapecerica (como está corretamente no texto). Obviamente, eu estava me referindo à segunda, cidade mineira de onde vem Fabiano Cazeca.

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