Entre os diversos nomes já aprovados pelos partidos para a disputa da Prefeitura de Belo Horizonte está o de Rodrigo Paiva (Novo). É a terceira candidatura que analisamos aqui neste espaço, após falar de Marcelo de Souza e Silva (Patriota) e Áurea Carolina (PSOL). Ao longo dos próximos dias, falaremos de todos os nomes colocados, tratando de desafios e estratégias que vão permear suas campanhas.
No caso de Rodrigo Paiva, não há qualquer dúvida de que seu principal trunfo é o apoio do governador Romeu Zema (Novo). Ainda que o chefe do Executivo mineiro não seja um cacique político como outros que já ocuparam a função, a presença no comando do Estado e a própria perspectiva de uma relação mais harmônica da prefeitura com o governo tende a ajudar o candidato neste momento inicial em que é preciso tornar-se mais conhecido para sair do bolo de quase duas dezenas de postulantes.
Também, claro, a própria evolução do Novo ajuda Rodrigo Paiva. O partido é um dos que mais cresceu nas últimas eleições e, mesmo assim, optou por apostar em poucos municípios, o que deve permitir que seja dada a maior atenção à campanha de Belo Horizonte, uma das grandes prioridades do partido no Brasil.
Por fim, Rodrigo Paiva, embora empresário como Zema, terá um argumento para defender-se daqueles que apontarem falta de experiência do gestor com a coisa pública. A passagem pela Prodemge, certamente, pode ter ajudado a conhecer melhor as claras diferenças entre a gestão privada e a gestão em um governo.
Mas, claro, a candidatura também terá que enfrentar desafios para conseguir florescer. Um deles é conseguir chamar a atenção em meio a outros nomes com o mesmo perfil, empresários como Fabiano Cazeca e Marcelo de Souza e Silva. Esse congestionamento de nomes com mesmo perfil tende a reduzir o desempenho de Paiva que, nas eleições para o Senado, já teve votação modesta para o cargo, considerando que seu partido levou o governo do Estado. Ele ficou apenas em quinto na disputa ao Senado e, em BH, não alcançou 200 mil votos.
Rodrigo Paiva também vai sofrer com o desgaste que o governador Romeu Zema já vem sofrendo. Claro: se ele leva o bônus do apoio, leva também o ônus. E aí inclui-se uma reprovação entre os servidores públicos, insatisfeitos com a condução da reforma previdenciária e de pontos da reforma administrativa, e dúvidas a respeito da capacidade de articulação, que sofreu percalços no nível estadual. Também ficou claro, no atual governo, que promessas nem sempre são facilmente cumpridas, como fazia crer o Novo na última campanha.
Destaca-se também o fato de que, ao contrário do que ocorreu com Zema em 2018, não será possível a Rodrigo Paiva surfar facilmente na onda do bolsonarismo. Se os eleitores do presidente foram fundamentais para eleger o governo – além, claro, das rejeições a PT e PSDB – agora é diferente, já que a família presidencial tem outro candidato: Bruno Engler, embora o apoio, por enquanto, seja velado. Isso certamente muda o cenário em 2020.