Política em Análise

A disputa em Contagem

Vantagem de Marília diminui, enquanto ela aposta na experiência administrativa e Saliba foca na rejeição ao PT

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 25 de novembro de 2020 | 10:02
 
 
 
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A corrida eleitoral à Prefeitura de Contagem tornou-se mais acirrada no segundo turno, com a distância da candidata Marília Campos (PT) para Felipe Saliba (DEM) diminuindo dez pontos em relação ao resultado do primeiro turno. Ainda assim, uma distância considerável quando se leva em consideração os poucos dias que restam até o dia da eleição. Saliba precisará, principalmente, convencer os 10% de indecisos que ainda existem na cidade: exatamente a distância entre os dois quando se considera o eleitoral total do município.

Na busca por mudar o quadro, o empresário utilizou uma estratégia que tem se tornado clássica para os adversários dos petistas principalmente no Sudeste e, mais em especial, em Minas Gerais. O foco total da campanha é aproveitar a rejeição ao PT no município, fazendo comparações com os resultados apresentados por Fernando Pimentel no governo do Estado (2015 a 2019) e Dilma Rousseff no governo federal (2011 a 2016). 

A busca é por tentar garantir uma vinculação que Marília tratou de evitar no primeiro turno ao utilizar cores distintas e estilizar a estrela do partido. Não por acaso, faixas espalhadas pela cidade utilizam a estrela do PT para rechaçar a legenda e, em consequência, enfraquecer Marília, que sempre foi tida como alguém um pouco acima dos interesses partidários.

A petista, por sua vez, usa estratégia que foi bastante eficaz no primeiro turno em outras cidades, que é pregar a experiência política e de gestão para tentar segurar o voto de seus eleitores. Ao contrário das disputas anteriores, em que outsiders foram os preferidos dos brasileiros, nesta corrida eleitoral, desde o início as pesquisas já mostravam que a experiência havia recuperado valor na visão do eleitor.

No caso específico de Contagem, Marília conta ainda com o argumento de que o atual prefeito Alex de Freitas fez uma campanha pregando essa renovação no último pleito e, agora, termina a gestão muito mal avaliado. Isso é o argumento da ex-prefeita para dizer que não é hora de Contagem tem uma nova aventura.

Mas independentemente das estratégias utilizadas pelos dois candidatos, é preciso enfatizar que o resultado hoje é mais importante para Marília do que para Saliba. No caso dela, vencer a disputa em Contagem a colocará em um patamar importante para o PT no Estado. Ela se tornaria um nome relevante para outros voos pelo partido, ao lado de Margarida Salomão, que tem chance de vencer em Juiz de Fora.

Já no caso de Saliba, ainda que não vença as eleições, é certo que ele já sai mais forte do que entrou. Com baixa rejeição e tendo obtido números expressivos mesmo partido de um desconhecimento grande do eleitor e em uma campanha muito curta, ele se cacifa para novos e importantes voos no futuro, inclusive tornando-se um natural adversário para Marília em uma disputa futura, caso ela vença em 2020. Saliba sai de 2020 tal como Rodrigo Pacheco, seu apoiador, saiu da corrida eleitoral de BH em 2016.

 

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