Jair Bolsonaro perde apoio mês a mês e enfrenta crises em sequência criadas por pessoas de seu círculo. E a esquerda só não aproveita pois está em guerra. Em jogo, uma disputa pelo comando da oposição no país, que o PT não quer perder mesmo após o doloroso recado que colheu das urnas. O principal embate se dá em torno de Ciro Gomes, aplaudido por importantes nomes da esquerda nos bastidores mas execrado pelo comando da maior legenda de esquerda do país.
A estratégia petista é sufocar Ciro Gomes, espremendo entre o ódio da direita e o desprezo da esquerda. E o primeiro passo para isso é expulsá-lo do campo esquerdista. A estratégia já foi usada com êxito contra a ex-senadora Marina Silva e estava sendo utilizada também contra Eduardo Campos, quando esse faleceu abruptamente durante a campanha de 2014.
Anotem: em breve será usada também contra o PSOL, assim que a legenda começar a mostrar força suficiente para tomar dos petistas o comando do campo oposicionista, o que um dia acontecerá. Só não foi ainda pois a sigla, por enquanto, ainda reza a cartilha do Lula Livre e não colocou um nome competitivo para disputar a presidência da República.
Nesse caminho, Marcelo Freixo foi duramente criticado pela militância orientada quando aceitou participar de um debate com Janaina Paschoal. Viu ali um gostinho do que o espera no futuro, caso o PSOL opte por voos altos e em dissonância com que prega religiosamente o comando do PT.
Mas, por enquanto, o alvo é Ciro, que aceitou a briga direta e, igualmente, bate fortemente em Lula, Gleisi e nos comandantes da legenda, ainda que receba declarações de apoio de governadores petistas, tais como Rui Costa o fez recentemente. Ciro não perdoa o PT por ter dinamitado sua candidatura, enfraquecendo a esquerda o que, sim, ajudou a eleger Jair Bolsonaro. E o PT não perdoa o troco do pedetista, que lavou as mãos no segundo turno para não ter que subir no palanque de mãos dadas com aqueles que o apunhalaram. A briga vai longe.