Política em Análise

Alívio com queda de Cintra

Demissão do secretário geral da Receita melhora ambiente para debate da reforma tributária


Publicado em 12 de setembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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A queda do secretário da Receita Marcos Cintra é um alívio para todos que discutem a reforma tributária, seja no Executivo, na Câmara, no Senado ou nos Estados, por meio do conselho de secretários de Fazenda. Em nenhum momento o então chefe da Receita Federal foi um homem de diálogo e consenso em torno das diversas propostas sobre o tema. Ao contrário. Sempre insistiu em uma proposta impopular e ineficiente, como a da recriação de um imposto sobre pagamentos, aos moldes da CPMF. Um tributo absolutamente regressivo e que penaliza os mais pobres, que pagam proporcionalmente mais que os ricos, ao contrário do que preza a boa prática fiscal. 

Para Bolsonaro, a saída de Cintra foi um boa forma de sair bem da polêmica da CPMF. O presidente, que nunca foi fã da medida, já percebeu que ganharia apenas desgaste se insistisse em levar o assunto adiante. A chance de o imposto sobre pagamentos passar no Congresso é zero e o governo apenas seria considerado culpado de um estelionato eleitoral, após Bolsonaro passar toda a campanha rejeitando essa ideia. 

E o argumento de que Cintra não tem como ficar no governo pois antecipou propostas da reforma que ainda precisavam passar por aprovação presidencial faz todo sentido. Acamado no hospital, o presidente foi surpreendido com detalhes da proposta que rejeita sendo divulgados em um evento do Sindifisco, um sindicato de auditores que é contra a maior parte das medidas propostas pelo governo.

De quebra, a saída de Cintra pacifica um pouco a relação com o Congresso. Ele já havia brigado com Rodrigo Maia e com a bancada evangélica e, até agora, só criava problemas para o presidente. Com isso, há mais chances de que o governo consiga participar da discussão da reforma, que já avança no Senado e na Câmara por meio de ideias que não são do Executivo.

 

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