O presidente Jair Bolsonaro tem jogado para a torcida nas últimas decisões a respeito de posicionamentos do Congresso Nacional. O objetivo é tentar não desagradar a classe política e, ao mesmo tempo, driblar a insatisfação cada vez maior de seu eleitorado, que recebeu uma promessa e agora vê práticas distintas.
O caso do fundo eleitoral de R$ 2 bilhões para as eleições de 2020 é bem claro nesse sentido. Em setembro do ano passado, seu governo apresentou uma proposta de orçamento com um fundo eleitoral de R$ 2,54 bilhões. Depois, alegando ter havido um erro, o Executivo enviou parecer sugerindo o valor de R$ 2 bilhões, maior portanto que os R$ 1,7 bilhão das eleições de 2018.
Em meio aos debates no Congresso, os parlamentares chegaram a cogitar uma ampliação ainda maior, para R$ 3,8 bilhões. Em meio à pressão da sociedade, os deputados e senadores acabaram recuando, aceitando então o valor de R$ 2 bilhões proposta pelo governo de Bolsonaro. Assim o fundo foi aprovado.
Desde então, o presidente por diversas vezes falou em vetar a proposta. Agora, porém, mudou o discurso. Indica que talvez tenha que sancionar a proposta para não sofrer um impeachment por crime de responsabilidade. Uma grande bobagem na qual só acredita quem está olhando tudo pelo viés ideológico.
Não é a primeira vez que Bolsonaro usa esse argumento. O mesmo se deu com a questão do juiz de garantias dentro do pacote anticrime. A diferença aí é que o governo não fez essa proposta. Apenas não moveu uma palha para impedir que fosse aprovada. Do governo inteiro, só Sergio Moro lutou contra ela. Em vão.