O portal jurídico Jota compilou as mais diversas pesquisas de opinião sobre governos e colocou todas em um mesmo gráfico para comparar a evolução dos números de aprovação positiva de todos os governos eleitos após a retomada da democracia no Brasil. E essa compilação acabou mostrando que a linha de queda de popularidade do atual presidente Jair Bolsonaro (PSL) está em linha com as experimentadas por Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (oss três últimos em seus primeiros mandatos).
Os números mostram que a perda de apoio é comum no primeiro ano de governo, em especial, nos primeiros seis meses de gestão. Assim se deu com todos os antecessores e também se dá com Bolsonaro. No segundo semestre, a trajetória de queda de popularidade também se manteve para todos, exceto para Dilma Rousseff, que recuperou rapidamente apoio até chegar, em janeiro do segundo ano de seu governo, mais bem avaliada do que estava antes.
Mas até isso mostra que a popularidade no primeiro momento não quer dizer muita coisa. Basta medir hoje o que as pessoas acham de Dilma, muito mais bem avaliada do que Fernando Henrique e Lula ao fim de um ano de governo. Aliás, o petista, que deixou o poder com a melhor avaliação da história de um presidente, era também mais rejeitado que o tucano, o que se inverteu nos anos seguintes de governo.
Bolsonaro tem apenas um problema em relação aos demais. Sua avaliação positiva já partiu de patamares mais baixos do que os de Dilma e Lula. Por isso, hoje ele é o presidente com a pior avaliação da história para esse momento de mandato. Sua avaliação positiva (ótimo e bom) nunca passou de 50%, ficando mais perto de 45% na média das pesquisas quando começou o governo.
Hoje, está pouco acima de 30%. Dilma, Lula e Fernando Henrique partiram de algo próximo de 55%. Enquanto a presidente depois impedida abriu setembro ainda pouco acima de 50%, Lula e Fernando Henrique oscilavam perto de 45%. E isso tem explicação: o Brasil hoje enfrenta um cenário de polarização muito maior do que no início dos mandatos desses presidentes. Isso tende a puxar qualquer avaliação de governo para baixo.
A trajetória da curva a partir de agora vai depender da maturidade com a qual Bolsonaro vai encarar o recado dos eleitores. Até o momento, ele reagiu muito mal. Desdenha das pesquisas e mantém a postura agressiva e polêmica diante dos problemas que surgem. Odeia a imprensa e qualquer um que ouse apontar um defeito em seu governo.
E assim vai afastando quem não concorda 100% com que faz. Mas a perda de espaço do gabinete do ódio e uma postura mais recolhida desde que voltou da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) podem indicar que essa estratégia de matar ou morrer pode estar sendo, gradativamente, abandonada. Se for mesmo isso, será melhor para o presidente e também para o país. Porém, não se deve bater o martelo até o próximo rompante.