Sem compromisso com a verdade

Já bastam as mentiras contadas em campanhas eleitorais. No poder, os homens públicos deveriam ter um compromisso mais firme com a verdade. No caso de ministros de Estado, representantes máximos de cada uma das áreas de governo, essa retidão tem que ser ainda maior. Não é, infelizmente, o que tem acontecido com muitos dos atuais representantes dos brasileiros no Executivo.

Ontem mesmo, ao falar sobre a inauguração da nova estação antártica Comandante Ferraz, o ministro da Ciência e da Tecnologia, Marcos Pontes, disse se tratar de “um grande projeto do governo Jair Bolsonaro”. Não é verdade.

Como relembra a própria agência de notícias do governo, o projeto de reconstrução, de 2015, começou a ser executado em 2017 por uma empresa chinesa que precisou dividir o trabalho em três etapas, pois só é possível fazer alguma coisa por lá no verão antártico. As nevascas impedem o trabalho de abril a outubro. Assim, a construção se deu nos verões de 2017, 2018 e 2019.

Infelizmente, a mentira contada pelo ministro não é caso isolado no governo. O titular da Educação, Abraham Weintraub, mente com frequência. Na semana passada, disse que a área de pesquisa em segurança pública nunca existiu no país. Falso. Desde 2018, houve nove linhas de pesquisa e mais de 240 trabalhos de mestrado e doutorado na área. Ele também já mentiu sobre plantações de maconha em universidades e anunciou a criação de cinco universidades de governos anteriores.

Também o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já mentiu sobre agrotóxicos, desmatamento e vazamento de óleo. Até seu currículo, com um título da Universidade de Yale, é uma mentira.

Não surpreende que ministros façam isso, considerando que o próprio presidente costuma tropeçar nos fatos com frequência. E quando é pego com a boca na botija, diz que a imprensa não fiscalizava os governos anteriores. Outra mentira.