A escolher uma categoria para beneficiar em detrimento de outras, o governador Romeu Zema (Novo) arrumou um problema para a sua já complexa articulação política na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). De quebra, jogou fora parte do argumento, absolutamente válido, de que não há dinheiro para fazer loucuras no comando do Estado.
A grande questão aí é sabida: o governo morre de medo de uma paralisação no setor da segurança. E, por sua vez, não tem a mesma preocupação com a greve da educação, que outros governos já viveram e, de um jeito ou de outro, contornaram cedo ou tarde. Daí veio a ideia de conceder 41,7% de recomposição a policiais, bombeiros, agentes penitenciários e do sistema socioeducativo, enquanto parcela importante do funcionalismo de diversas outras categorias nem sequer sabem ao certo quando vão receber o 13º salário do ano passado.
Não parece um imbróglio fácil de resolver, após a bancada do PT protocolar uma emenda estendendo o pagamento para as demais categorias do funcionalismo público. Isso travou as votações porque, mesmo a emenda sendo inconstitucional, ninguém tem coragem de derrota-la no plenário. Qual deputado – além da bancada da segurança pública – vai querer a pecha de ter sabotado um aumento para todo o funcionalismo, dando a primazia para uma só categoria? Ninguém quer. E aí corre o risco de ser aprovado para, lá na frente, Zema ter o enorme desgaste de vetá-lo.
O fato é que o governador, a despeito de todas as promessas de redução do Estado que prega seu partido, está concedendo um reajuste que, com responsabilidade, não teria condições de dar. Que não está em linha com o ajuste fiscal que pede. Como é que o Estado vai defender que se venda estatais e receita do nióbio para pagar o 13º e salários em dia se está aumentando os rendimentos de uma categoria tão numerosa? Policiais, bombeiros e agentes estão no seu direito de cobrar melhorias salariais, mas lá na frente pode não haver dinheiro para pagar ninguém. Por enquanto, só não há para as categorias com menos força de mobilização, que recebem em mais parcelas e com valores menores. É o que temos visto.