Iniciada em Minas Gerais na manhã de quinta-feira (21), a paralisação dos transportadores de combustíveis já conta com a adesão de caminhoneiros de ao menos seis estados. A informação é da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O movimento é motivado pela alta do preço dos combustíveis, principalmente o diesel, e pelo impacto direto sobre a inflação e o custo de vida dos brasileiros.
Em Minas Gerais, conforme registrado pelo O TEMPO, já falta combustível nos postos. No estado, todos os transportadores de combustíveis, conhecidos como tanqueiros, pararam de rodar.
De acordo com a FUP, as associações de transportadores de combustíveis informaram que, além de Minas, há paralisação de cargas em regiões do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Espírito Santo, de Goiás e da Bahia.
"Os seguidos reajustes nos preços dos combustíveis são consequência da equivocada política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobras e mantida pelo governo Bolsonaro", disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, segundo texto publicado no site da entidade.
A política de preços da Petrobras se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação — o que é criticado pela entidade pelo fato de o Brasil ter grande parte de seus custos em real.
A FUP defende que, enquanto o PPI não mudar, a inflação "vai continuar sua cruel trajetória de alta", sendo impulsionada pelos combustíveis e pelo gás de cozinha. Segundo o coordenador-geral da entidade, o preço do botijão de 13 quilos já supera R$ 100, equivalente a cerca de 10% do salário mínimo.
Sobre a greve, a expectativa é de que os veículos não deixem as empresas, para evitar problemas nas rodovias, como ocorrido em outros movimentos semelhantes. Uma paralisação de cargas em geral está prevista para começar em 1º de novembro.
Bolsonaro oferece auxílio, que caminhoneiros chama de “esmola”
Até 16 de outubro, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel chegou a R$5,03 por litro. A gasolina foi a R$ 6,32, o etanol a R$ 4,82 e o gás de cozinha, R$ 100,44. Em alguns locais, a gasolina pode chegar a R$ 7,49 por litro.
Em sua live semanal, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a defender o auxílio diesel de R$ 400 para 750 mil caminhoneiros autônomos, tendo em vista a "iminência de um novo reajuste de combustível", divulgada na noite de quinta-feira.
Segundo o presidente, esse auxílio, assim como os outros R$ 400 mensais previstos para o Auxílio Brasil, foi acertado com a equipe econômica. "Alguns não querem na equipe econômica, outros acharam que era possível, dar um auxílio pros caminhoneiros havendo um novo reajuste. Agora tem secretário que quer fazer valer sua vontade. Então ministro deu decisão: vamos gastar dentro do teto", disse Bolsonaro.
O presidente, no entanto, não deixou claro se o auxílio para os caminhoneiros está incluso no cálculo da manobra de R$ 83 bilhões acordada com as equipes política e econômica do governo, junto ao relator da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para furar o teto de gastos.
"Nós temos um teto de gastos. Em governos anteriores, não tinha teto. Era pegar dar uma canetada. Por que buscamos cumprir o teto? Nós não queremos o desequilíbrio das finanças do Brasil. Agora tem gente botando lenha na fogueira. Vai deixar as boas ideias aparecerem só nas eleições?", completou o presidente.
Mais cedo, uma das lideranças dos caminhoneiros, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, afirmou que os R$ 400 não atendem as demandas dos caminhoneiros, que o valor é insuficiente frente ao diesel custando, em média, R$ 4,80, e que, portanto, a greve programada para o dia 1º de novembro está mantida.
Nas redes sociais, outras lideranças da categoria classificaram o auxílio como uma “esmola”.
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