Investigação

Valeixo, Saadi e Ramagem depõem hoje no inquérito de Moro contra Bolsonaro

Oitivas foram agendadas em atenção à determinação do ministro Celso de Mello, relator do caso no STF

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de maio de 2020 | 16:59
 
 
 
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O ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, é um dos ouvidos na sede da corporação em Curitiba  nesta segunda-feira (11), no âmbito do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação.

Os investigadores também vão ouvir, nesta segunda (11), o delegado Ricardo Saadi e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência Alexandre Ramagem Rodrigues, no edifício sede da PF, em Brasília.

As oitivas foram agendadas em atenção à determinação do ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. As audiências foram autorizadas, por sua vez, com base em pedido feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, após o depoimento de mais de oito horas prestado por Moro no último dia 2.

Valeixo e Saadi estão envolvidos na primeira tentativa do Planalto de trocar o comando da PF no Rio. O primeiro foi ainda pivô da exoneração de Moro do governo e da abertura do inquérito no Supremo.

Já Alexandre Ramagem - amigo da família Bolsonaro - foi indicado por Bolsonaro para substituir Valeixo mas não chegou a tomar posse por decisão liminar do ministro Alexandre de Moraes. A União revogou a indicação em seguida e nomeou Rolando Alexandre de Souza para a chefia da PF, mas o presidente segue insistindo em seu preferido.

Outras

As três oitivas marcam o início da série de depoimentos que serão prestados nesta semana no âmbito da investigação sobre as acusações feitas por Moro a Bolsonaro ao anunciar sua saída do governo.

As audiências seguintes serão realizadas nesta terça, 12, no Palácio do Planalto e vão envolver três ministros próximos do presidente: Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Os três foram listados por Moro como testemunhas de ameaças proferidas pelo presidente contra o ex-ministro caso ele não concordasse com a troca da direção-geral da PF.

Na quarta, 13, a PF vai ouvir Carlos Henrique de Oliveira Sousa, ex-chefe da PF no Rio, convidado por Rolando Alexandre para a diretoria-executiva da PF, Alexandre da Silva Saraiva, chefe da PF no Amazonas também envolvido na primeira crise pública entre Moro e Bolsonaro, e ainda a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) que deverá esclarecer a troca de mensagens com Moro em que pede ao ex-ministro que aceite a mudança na direção-geral da PF solicitada por Bolsonaro e, em troca, diz que se comprometeria 'a ajudar' com uma vaga no STF.

A única oitiva determinada por Celso de Mello e não agendada ainda é a do ex-chefe da corporação em Minas, Rodrigo Teixeira.

No último fim de semana, o decano autorizou que PF designe novas audiências caso seja necessário reinquirir as testemunhas diante do conhecimento do que se passou na reunião ministerial de 22 abril, na qual, segundo Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente no Rio. O vídeo foi entregue pelo governo ao STF na noite desta sexta, 8, e Celso de Mello decidiu colocar temporariamente sigilo sobre o material.

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