O prefeito de Betim, Vittorio Medioli, foi o entrevistado do Café com Política, na Rádio Super, nesta quarta-feira (14). Medioli falou sobre o acordo com a Vale, a distribuição da vacinas e a volta às aulas no município, entre outros assuntos.
Veja os principais pontos da entrevista:
Acordo da Vale
"Eu trabalhei, apoiei o Estado durante a negociação com a Vale, unimos os municípios. É uma decepção ver 37 bilhões e apenas 1,5 bilhão ir para os municípios de Minas"
"Os municípios do Paraopeba têm uma promessa de R$ 2,5 bilhões, mas não de receber recurso para eles tocarem as obras, é para a Vale executar as obras nos municípios, como se os municípios não fossem capazes de executar as obras fazendo melhor e mais barato"
"Se esse dinheiro fosse desburocratizado, isso geraria aceleração na aplicação dos recursos com custo muito mais barato"
"O caso do Rodoanel é uma novela. O anel metropolitano é totalmente errado, um absurdo. Aí, entretanto, a Vale não tem obrigação de fazer. Onde deveria ter obrigação de fazer, não vai fazer"
Diálogo do governo com os municípios
"Vejo muita gente querendo se empoderar e sair da constitucionalidade. Essa é uma verba indenizatória, uma verba pública. Nós temos, pela constituição, normas que tratam das verbas públicas"
"(Verba de R$ 37 bilhões) pode mudar Minas Gerais inteira, pode provocar um crescimento econômico chinês em Minas. Essa verba representa, se fosse bem aplicada, 22% de crescimento do PIB. Minas Gerais aumentaria 20%"
"Para saúde, praticamente nada (da verba). Hoje, a maior demanda da população é saúde. Tem uma verba irrisória prevista dentro do acordo. Para educação, zero a esquerda. A educação é que faz a diferença, um povo que tem educação tem escolaridade, sabe produzir e resolver os seus problemas"
"Tirou o nome, depois acabou com o rio. E o que eles fizeram? Nada. E alegam ter gasto R$ 11,5 bilhões. Um acordo ridículo", sobre a Vale
"A Vale vai fazer 10% do que os municípios poderiam fazer"
"(Mais de R$ 40 bilhões dos acordos com a Vale no Paraopeba e no Rio Doce) O Estado de Minas Gerais não investiu nos últimos 20 anos metade disso. Poderia, realmente, dar uma alavancada em Minas Gerais, gerar milhares de empregos, desenvolvimento. Haveria como consertar Minas Gerais"
Vacinação
"A distribuição das vacinas foi prejudicada por um erro cometido na proporcionalidade. Não respeitaram o critério populacional, adotaram outros critérios que não são corretos, e aí praticamente descarregaram dentro de Belo Horizonte um volume absurdo de vacinas, muito acima daquilo que era a proporção populacional em BH e tiraram do resto do Estado"
"Quando o Estado abriu as contas (sobre a distribuição da vacina) estava tudo errado. Agora estão corrigindo, mas houve 4 ou 5 meses em que muitos municípios foram prejudicados em favor, essencialmente, de Belo Horizonte e Juiz de Fora"
"Betim pretende vacinar 16 mil industriários até o fim da semana, dos 50 mil que temos cadastrados"
"A vacina faz a diferença e as pessoas que fogem da vacina e que têm medo de tomá-la estão cometendo um erro porque a vacina não faz mal, aliás, faz muito bem e preserva vidas"
"Pandemia terá um grande recuo em agosto e setembro em face da vacinação da população"
Pandemia e volta às aulas
"Betim foi o primeiro município do Brasil a vacinar crianças de 12 anos com a Pfizer, que é homologada para 12 anos. Esses meninos, de 12 a 14 anos, são os mais prejudicados de todos"
"Nas escolas públicas tem a camada mais desprotegida e exposta a risco da população. É um alto índice de analfabetismo funcional. Hoje a grande praga do país é o analfabetismo funcional. Portanto, vacinar meninos de 13 e 14 anos e colocá-los dentro do 8º e 9º ano deveria ser uma prioridade absoluta. Eu não entendo por que só Betim fez isso"
"Crianças e adolescentes são absoluta prioridade em cima de qualquer outra idade, de acordo com a Constituição. Se tem uma vacina que pode aplicar, é obrigação constitucional fazê-lo"
"Ministério Público entra para bloquear aquilo que em que a Constituição é tão clara, o Judiciário também dá respaldo, e estamos parados aí, recorrendo a tribunais superiores para poder vacinar"
Cruzeiro
"É um clube que tem uma dívida brutal, é uma peneira, e em uma peneira, você não consegue segurar a água, ela vai embora. As práticas dentro do Cruzeiro são as piores possíveis. Lá dentro a coisa apodreceu", sobre a crise pela qual passa o Cruzeiro
"Quem pode modificar (o Cruzeiro) são os próprios sócios, e os sócios não querem. O problema é o conselho do Cruzeiro, que tem muita gente respeitável. Entretanto, o Cruzeiro quebrou. E por que? Lá dentro tem irregularidades, não aceitam auditoria", sobre a gestão do clube
"O clube foi quebrado. Quem são os culpados? Não se sabe. Ou se sabe, mas não se fala"
"Se você coloca uma S/A, tem um projeto, uma credibilidade. Cruzeiro, até agora, não tem projeto (...) Hoje, com a economia bombando do jeito que está, poderia chegar a quase R$ 1 bilhão em arrecadação"
"Teria que fazer uma auditoria em praça pública"