Eleição 2020

Vereador Fernando Borja quer apoio de evangélicos na corrida pela PBH

Nome de parlamentar foi escolhido pelo Avante após desistência do deputado André Janones. Borja aposta em aliança com religiosos e faz críticas ao prefeito Kalil

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 24 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Após cogitar o nome do deputado federal André Janones, o Avante vai lançar o vereador Fernando Borja como pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte. A principal aposta de Borja, pastor da Igreja Batista da Lagoinha, é angariar o voto dos evangélicos da capital, que em 2016 apoiaram o deputado João Leite (PSDB).

Borja chegou a ser o responsável pela administração da Lagoinha, coordenando 1.200 funcionários da igreja, que conta com 40 mil membros. Segundo o pré-candidato, sua família tem tradição no meio evangélico há 70 anos.

“Quando entro nessas igrejas evangélicas e apresento meu nome, é natural, porque sou muito comum no nosso meio. É natural que o evangélico vote em evangélico, que o cristão vote no cristão, por causa dos princípios e valores”, disse, acrescentando que é contra a legalização do aborto e contra a descriminalização das drogas.

O deputado André Janones, que chegou a ser pré-candidato do Avante, desistiu de concorrer em BH. Além do crescimento de Borja nos últimos meses, na esteira das críticas feitas ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) pelo enfrentamento do coronavírus, Janones teve dificuldades de se tornar mais conhecido na cidade. No cálculo político do parlamentar, como sua principal base eleitoral está no Triângulo Mineiro, a candidatura na capital poderia ir contra o desejo de seus eleitores.

Diante do cenário, Janones endossou a candidatura de Borja junto ao presidente do partido, o deputado Luis Tibé, e vai apoiá-la durante a campanha. A reportagem tentou contato com o deputado, mas ele não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens.

“Só do meu nome começar a aparecer em algumas dessas listas de pesquisa, já tenho hoje vários líderes evangélicos me procurando. Antigamente eu procurava, agora eles é que estão me procurando. Eles querem ter uma pessoa conservadora em Belo Horizonte”, conta Borja.

Críticas a Kalil 

Segundo o pré-candidato, BH precisa ser reconstruída social e economicamente. A ideia dele é incentivar o surgimento de um sistema cooperativista, para ajudar o pequeno empreendedor a recomeçar seu negócio no pós-pandemia e oferecer linhas de crédito para empresas de médio porte.

Fernando Borja é mais um entre os pré-candidatos a criticar duramente decisões do prefeito Alexandre Kalil no combate ao coronavírus. Para ele, o objetivo do isolamento social imposto pela PBH seria dar tempo para reforçar a estrutura de saúde, o que não teria acontecido.

“Ele falou que Belo Horizonte está em guerra. Uai, a guerra é entrincheirar, entrar dentro do buraco, é fugir, é se esconder dentro de casa? A guerra é trabalhar na higienização de todas as estações de ônibus, dar máscaras para a população. A guerra é criar uma estrutura hospitalar”, disse. Procurado, o prefeito Alexandre Kalil não quis se posicionar sobre as críticas feitas pelo pré-candidato do Avante.

Aposta em base fiel 

A avaliação no Avante é que Fernando Borja herdaria boa parte dos votos recebidos pelo deputado João Leite (PSDB), candidato mais votado no primeiro turno em 2016, com 33,4% dos votos. No segundo turno, ele foi derrotado por Kalil por uma margem apertada: 53,98% a 47,02%. João Leite teve apoio dos evangélicos naquela eleição.

“As pesquisas indicam que o eleitorado evangélico é muito fiel. A despeito da dificuldade de trabalhar com a questão da transferência de votos, de acordo com as pesquisas, no meio evangélico é mais fácil que essa transferência aconteça”, avalia o doutor em ciência política pela UFMG Christopher Mendonça, que é professor do Ibmec.

Ele destaca que a Igreja Batista da Lagoinha tem histórico de participação política na cidade e cita o senador Carlos Viana (PSD) e a ministra Damares Alves, que já foram pastores da igreja, além do deputado federal Lucas Gonzalez (Novo).

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