Perseguição

Vítima de diretor da polícia do DF acionou governador e foi cercada em delegacia

Vítima de ex-diretor da Polícia Civil do DF acionou governador para denunciá-lo e Ibaneis mandou ela procurar delegacia. Ela foi e acabou cercada pelo acusado

Por O Tempo Brasília
Publicado em 21 de novembro de 2023 | 11:50
 
 
 
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A mulher de 26 anos que foi vítima de perseguições, intimidações e ameaças do ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Cândido, procurou o governador Ibaneis Rocha (MDB) para denunciar o caso e pedir ajuda. O político respondeu que ela devia procurar uma delegacia para registrar ocorrência. A vítima foi e encontrou o acusado, que tentou intervir. 

À época, todas as unidades da Polícia Civil da capital eram chefiadas, justamente, por Robson Cândido. Ele é acusado de cometer ao menos sete crimes contra pessoas com quem mantinha relacionamento extraconjugal. Por isso está preso desde o dia 4 e já virou réu no caso. Ibaneis só demitiu Robson após o escândalo vir à tona com uma operação do Ministério Público.

A mulher que procurou Ibaneis para denunciar o então diretor-geral da Polícia Civil do DF era uma das amantes do delegado. Após registrar ocorrência contra ele, entregou vídeos e mensagens da perseguição que diz ter sofrido. Parte do conteúdo, incluindo o diálogo via Whatsapp com o governador, foi revelado pela GloboNews e o G1 nesta terça-feira (21).

Chefe da Polícia Civil usou celulares, viaturas e grampo ilegal para perseguir mulher

No material entregue pela mulher, que foi anexado ao processo contra Robson Cândido no Tribunal de Justiça do DF, a vítima narra como se dava a perseguição. Na denúncia, consta que o ex-diretor da Polícia Civil do DF usou celulares e viaturas da polícia para perseguir a ex-amante, além de quebrar sigilos ilegalmente.

O processo também tem a conversa dele com Ibaneis. Nela, a ex-amante do chefe da polícia envia vídeos e um texto extenso no qual relata estar sendo perseguida pelo homem. Ela diz que Robson Cândido usava carros oficiais da polícia, fazia coações, a segurava pelo braço e dizia que sua integridade física estava em risco. O então chefe da Polícia Civil dizia ainda, segundo ela, que a única pessoa que ele respeitava era o governador do DF.

A vítima pede ainda uma reunião com Ibaneis, e diz que queria tentar resolver o caso sem exposição na mídia. O print aponta que a mensagem foi enviada em 23 de agosto. Em resposta, Ibaneis diz: “Melhor procurar a delegacia”. A vítima, então, responde: “OK”. 

Seguindo a orientação do governador, a mulher foi a uma delegacia, em 29 de setembro. No momento em que tentava registrar ocorrência, Robson Cândido também apareceu lá e entrou na sala do delegado responsável pela unidade, que à época era subordinado ao acusado. Ela registrou o encontro em vídeo, anexado ao processo. Nele, o diretor-geral da Polícia Civil a cerca e pede para desistir de tudo. 

Homem de confiança do governador do Distrito Federal, Robson Cândido foi nomeado para o cargo logo no primeiro mandato de Ibaneis Rocha, em 2019. Seu nome foi o primeiro colocado em uma lista tríplice feita por policiais. Ao ser reeleito em 2022, Ibaneis o manteve no comando da Polícia Civil, de onde só saiu quando as denúncias contra ele se tornaram públicas.

Até a mais recente atualização desta reportagem, Ibaneis não havia se pronunciado, nem mesmo sua assessoria.

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