Possível presidenciável

Zema dá ares nacionais à gestão no governo de MG e entra em debate com Lula

Em discurso de posse, governador afirmou que mostrou ao Brasil que administração com ideias liberais é viável politicamente e traz melhorias na qualidade de vida da população

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 01 de janeiro de 2023 | 12:23
 
 
 
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Após tomar posse para o segundo mandato neste domingo (1), o governador Romeu Zema (Novo) buscou dar dimensão nacional à gestão que tem feito no governo de Minas Gerais e entrou no debate público se a responsabilidade social é mais importante do que a responsabilidade fiscal na gestão pública. 

Apesar de ainda ter mais quatro anos como governador, Zema já é visto como possível candidato à Presidência da República em 2026. Ele foi recebido com gritos de “futuro presidente” e, durante o discurso, um integrante da plateia disse que, em quatro anos, Zema reconstruiria o Brasil. Apesar dos aplausos dos presentes, o governador não teceu nenhum comentário.

O debate foi levantado com destaque primeiramente pelo presidente eleito Lula (PT). Durante a COP27 em novembro, ele afirmou que “não adianta ficar pensando só em responsabilidade fiscal porque a gente tem que começar a pensar em responsabilidade social”. 

A fala ocorreu no contexto da apresentação da PEC da Transição, que retirou as despesas com o Auxílio Brasil do teto de gastos.

 

Zema tomou posse neste domingo na ALMG. Em seguida, participou da cerimônia de recondução do mandato no Palácio das Artes, para a qual convidou deputados, prefeitos, vereadores e outras autoridades.

No discurso, o governador exaltou ações do primeiro mandato principalmente na área da saúde, como a retomada das obras dos hospitais regionais, ainda em fase inicial, e o acordo para o pagamento de dívidas com os as prefeituras. Na educação, ele destacou a criação do programa Trilhas de Futuro, que oferece cursos técnicos gratuitos para a população.

E emendou. “Por isso, a discussão do que mais importa em um governo, se é responsabilidade fiscal ou se é a responsabilidade social, está equivocada. As duas precisam caminhar juntas. É assim que entendo a gestão pública e estamos comprovando em Minas que é possível fazer”, disse o governador.

“Em quatro anos mostramos para o Brasil que um governo pautado nos ideais liberais, com corte de mordomias, respeito ao dinheiro público, com transparência, facilitando a vida de quem empreende, trabalha e produz, não só tem viabilidade política, como tem sucesso na melhoria dos serviços públicos e também na qualidade da vida das pessoas”, acrescentou Zema.

“Estamos mostrando para todo Brasil que é possível fazer política com simplicidade e honestidade, mesmo em cenários tão diversos e complexos como são as várias regiões de Minas”, continuou ele.

O chefe do Executivo voltou a agradecer os deputados estaduais e afirmou que eles ajudaram o governo a perceber a ineficiência da atuação da Fundação Renova no acordo para reparação do rompimento da barragem em Mariana, no ano de 2015.

“E por isso estamos em busca da repactuação, que irá finalmente fazer justiça com a população do Vale do Rio Doce, que há mais de sete anos sofre com os impactos desse desastre”, declarou Zema.

Vice também faz acenos aos deputados

A relação com a ALMG foi a principal dificuldade enfrentada por Zema no primeiro mandato. Mais cedo, o governador já havia acenado aos parlamentares em cerimônia na sede do Legislativo ao agradecer os partidos que apoiaram a sua reeleição e também sinalizar que espera contar com uma base de governo mais ampla neste segundo mandato.

O vice-governador, Mateus Simões (Novo), reforçou os sinais de que o governo busca melhorar a relação com a ALMG. No discurso no evento do Palácio das Artes, ele se referiu aos parlamentares como “amigos”, embora tenha reconhecido que houve “resistências enormes” ao governo Zema junto a parte dos deputados.

“Vocês são a parte mais viva da democracia. Só por isso já merecem meu respeito e 
minha admiração, mas o convívio cada dia mais próximo levou minha percepção mais adiante: são vocês que podem nos guiar na distinção entre os reais interesses dos mineiros e aquilo que é apenas fumaça”, discursou o vice- governador, se referindo aos parlamentares.

“Ao nosso lado vocês venceram em 2022 e ao lado de vocês nós vamos governar a partir de hoje”, completou Mateus Simões.

Atualmente, não há indicações políticas no secretariado de Zema. Apesar das sinalizações, o governador não planeja fazer mudanças no primeiro escalão e abrir espaço para nomes sugeridos por deputados aliados. 

Eventuais indicações, como mostrou O TEMPO, deverão ser feitas apenas para o segundo escalão, como é o caso de parlamentares que não foram reeleitos. Além disso, o governador deve dar status de secretaria à estrutura de Relações Institucionais em Brasília, que é responsável pela interlocução com o governo federal. O nomeado será o deputado federal Marcelo Aro (PP).

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