Em meio aos enormes problemas que o Brasil precisa enfrentar, o governo federal opta por manter uma crise permanente. Tem sempre alguém brigando ou alguém perdendo o emprego pouco tempo depois de assumir nos mais diversos níveis da gestão de Jair Bolsonaro. Na última semana foram três: o ministro Santos Cruz e os presidentes dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, e do BNDES, Joaquim Levy. Esse último pediu demissão ontem após ser humilhado publicamente pelo presidente por conta de uma escolha para uma diretoria do banco.
No segundo escalão, já são quase 20 demissões, com destaques para o Inep, que já trocou o presidente três vezes, ou a Apex, que já passou por duas substituições. Além disso, entre os ministros que começaram o governo, já saíram, além do general Santos Cruz, o primeiro titular da Educação, Ricardo Vélez, e o de Governo, Gustavo Bebianno.
O que há de comum em quase todas essas demissões? Além de terem sido geridas internamente, foram manejadas por um forte viés ideológico advindo de um pequeno grupo que, até o momento, ganha todas na gestão. Justamente o grupo que opta por queimar pontes com os demais Poderes e com a sociedade civil organizada. Não se sabe onde isso vai parar, mas coisa boa não costuma dar.
Ainda sobre o governo Bolsonaro, pegou mal a fala de que é preciso armar a população para evitar um golpe de Estado no futuro. Assemelha-se muito à estratégia utilizada pelo ditador Nicolás Maduro na Venezuela. E nesse ponto aí é preciso ser coerente: não dá pra criticar lá e elogiar aqui. Nem criticar aqui e elogiar lá. Além disso, pode-se discutir, sim, a questão do direito às armas sobre o prisma da liberdade individual. Quem defende a liberação do uso de drogas hoje ilícitas o faz com o mesmo argumento. O que não dá é para dar uma arma para cada um e dizer para as pessoas que é com elas que vai se defender a democracia no país. Sociedades civilizadas não funcionam assim.
Ouça o comentário do editor de política Ricardo Corrêa: