Que o Cruzeiro 'nadou de braçada' na temporada 2003, conquistando o Mineiro, a Copa do Brasil e o Brasileirão, praticamente todo mundo que acompanha futebol já sabe. Mas a brilhante campanha celeste de 2003 foi marcada por alguns fatos curiosos e até inusitados. Confira abaixo alguns deles:
1 - Craque com a 14
Na última rodada do Campeonato Mineiro, diante do Tupi, quando o Cruzeiro já havia confirmado o título estadual, Alex não usou a tradicional camisa 10, e sim a 14. Seria uma homenagem ao holandês Cruyf, que consagrou o número atuando pela seleção holandesa? Na verdade, não. A 'mudança' foi uma referência ao fato de o clube, pelo 14º ano consecutivo, conquistar ao menos um título por temporada.
2 - Fralda
Após ver os zagueiros Edu Dracena e Thiago Gosling levarem o terceiro cartão amarelo no duelo de ida da final da Copa do Brasil contra o Flamengo, no Maracanã, Luxemburgo não teve dúvidas: resolveu dar o posto de titular ao prata da casa Gladstone, de 18 anos. Para motivá-lo, Luxemburgo usou estratégia inusitada. Entregou uma fralda ao atleta, para simbolizar que a partida poderia ser um divisor em sua carreira, deixando de ser só um 'garoto'. Gladstone teve atuação segura na vitória de 3 a 1 que confirmou o título celeste.
3 - 'Dedo do professô'
Considerado um dos principais treinadores do futebol brasileiro naquela época, já tendo inclusive comandado a seleção, Vanderlei Luxemburgo conseguiu fazer com que o Cruzeiro exibisse o mesmo bom futebol, independente da disposição tática que adotasse para as partidas. Exemplo disso é que, das 46 rodadas do Brasileirão, em 13 ele adotou a formação com três zagueiros, prática que ainda não era muito comum no Brasil.
Desta forma, liberava os laterais, que tinham na ofensividade sua principal característica. Na prática, seja Maurinho ou Maicon na direita ou Leandro na esquerda, se transformavam em alas, mesmo que o termo ainda não fosse utilizado por aqui.
4 - 'Patinho feio' se destaca
Menos 'badalado' do que Cris e Luisão, que já haviam até defendido a seleção brasileira, Thiago Gosling, revelado no América, atuou em 42 jogos pelo Cruzeiro na temporada 2003 (Cris fez 34; Luisão 33), ficando atrás apenas de Edu Dracena (49). A favor dos 'selecionáveis' pesa o fato de que eles foram negociados pelo clube no decorrer da temporada. Cris ainda voltou para a reta final do Brasileirão, mas teve que 'aceitar' a reserva.
5 - 'Onipresente'
Na campanha do título do Brasileirão, o lateral esquerdo Leandro foi a 'figurinha carimbada' do time. O jogador atuou em 45 das 46 rodadas da competição. O único jogo em que ele ficou fora foi na derrota de 1 a 0 para o Goiás, pela 28ª rodada da competição, quando teve que cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo.
6 - Pedra no sapato
O São Caetano foi o único clube que o Cruzeiro não conseguiu vencer durante a campanha que resultou na conquista do Brasileirão: no turno, empate em 2 a 2 no Mineirão; no returno, derrota de 2 a 0 em São Caetano do Sul. A equipe paulista terminou a competição em 4º lugar. Para completar, no duelo entre as equipes pela Copa Sul-Americana, o placar foi de 1 a 1. E o Azulão garantiu a vaga nos critérios de desempate.
7 - Pintou o 7
De DNA extremamente ofensivo, o Cruzeiro colecionou algumas goleadas em 2003. As maiores foram os 7x0 sobre o Corinthians-RN, pela segunda fase da Copa do Brasil, e o 7x0 sobre o Bahia, na última rodada do Brasileirão, quando a Raposa já havia faturado a taça. No ano, o time celeste também estabeleceu placares como 8x2, em amistoso com o União Araxá que abriu a temporada, e 6x0 sobre o Mamoré, pelo Campeonato Mineiro.
8 - Fator casa
Na temporada 2003, o Cruzeiro foi quase imbatível atuando como mandante. Nos 35 jogos que disputou em casa, foram 28 vitórias, seis empates e apenas uma derrota. E, por incrível que possa parecer, a inesperada derrota no Mineirão ocorreu no dia 19 de outubro, diante do Juventude (1x2), equipe que terminaria o Brasileirão apenas em 18º lugar entre os 24 clubes participantes.
9 - Artilheiro e garçom
Principal jogador do elenco celeste em 2003, Alex teve mesmo um ano iluminado. Tendo atuado em 63 dos 73 jogos do Cruzeiro na temporada, o camisa 10 marcou 39 gols (9 no Mineiro, 7 na Copa do Brasil e 23 no Brasileirão), recorde em um mesmo ano na sua carreira, e ainda deu 39 assistências para gols de companheiros. No total, foram 78 participações em gols em 63 jogos, o que dá uma média de 1,23 por partida. Até hoje, Alex ainda é o maior artilheiro celeste em um Brasileirão, com 23 gols.
10 - Série invicta
Na campanha da Tríplice Coroa, o Cruzeiro chegou a ficar 31 jogos invicto em 2003. Nesta sequência, iniciada na abertura da temporada, foram 24 vitórias e sete empates. A série só foi quebrada no dia 25 de maio, quando a Raposa foi batida pelo Vitória por 2x1, no Barradão. Na prática, a invencibilidade celeste já vinha desde novembro de 2022, já sob o comando de Luxemburgo (mais cinco partidas).
11 - Quem?
Entre os 41 jogadores acionados por Luxemburgo no Cruzeiro ao longo de 2003, quatro disputaram uma única partida e acabaram "caindo no esquecimento" depois. Revelados na base do clube, o lateral esquerdo Rondinelli e o meia Alê atuaram na goleada de 8 a 2 sobre o União Araxá, em amistoso que abriu a temporada celeste. Já o zagueiro Emerson entrou em campo apenas na vitória de 3 a 1 sobre o Mamoré, em Patos de Minas. Por fim, o meia Itaparica recebeceu chance na derrota de 3 a 0 para o Paysandu, em Belém, pelo Brasileirão