Um título histórico, que completa 10 anos e serviu para abrir as portas para a avanlanche de conquistas que fez o Sada Cruzeiro ser conhecido como 'campeão de tudo'. A Superliga 2011/2012 foi a primeira das sete que estão no hall de troféus do time de BH quando o assunto é o maior torneio do país.
Depois de ser vice-campeão da edição anterior, fazendo o título bater na trave, faltava um passo adiante pra ir além e chegar ao topo.
O sabor amargo da temporada 2010/2011, com derrota para o Sesi (SP) no Mineirinho, teve um outro desfecho na temporada seguinte com o técnico Marcelo Mendez tendo atuação importante no trabalho feito, que teve capítulo final com triunfo de 3 a 1 (24/26, 25/18, 25/13 e 25/19) sobre o Vôlei Futuro (SP).
O time titular era formado por William, Wallace, Douglas Cordeiro, Acácio, Filipe, Maurício Borges e Serginho. Na final, também deram sua contribuição o levantador Daniel, o oposto cubano Sanchez e o central Rogério.
Ao contrário dos dias de hoje, o Sada Cruzeiro não contava com o maior orçamento da Superliga, ficando de fora da lista de favoritos ao título.
"A gente vinha confiante, evoluindo, mas sabia das dificuldades, até por a Superliga tinha 17 times. Tinham outros times mais fortes no papel como o Vôlei Futuro, nosso adversário da final", lembra o ex-central Douglas Cordeiro, um dos principais nomes da história do projeto celeste. O rival de Araçatuba foi enfrentado no feriado de 21 de abril no ginásio Adib Moyses Dib, em São Bernardo do Campo. Do outro lado da quadra, referências como do levantador Ricardinho, do líbero Mário Júnior, do central Vini, do oposto Lorena e do ponta cubano Camejo.
"O objetivo não era chegar onde chegamos, existiam times com orçamentos e expectativas maiores. Sabíamos que teríamos um elenco competitivo, mas eu não acreditava que pudéssemos ser campeões. Pra mim, seríamos um time pra incomodar. Mas, ao longo da temporada, após jogos e torneios, evoluímos. Isso nos deu a motivação pra entender que o título era possível. Nos deixaram crescer até chegar nesta conquista que permitiu uma infinidade de taças nos anos seguintes", comenta o ex-líbero Serginho.
Apesar da constelação adversária, foi um jovem ponteiro de 23 anos que fez estragos no time paulista. "O Maurício Borges fez um jogo brilhante, isso facilitou nosso caminho. O Vôlei Futuro tinha se tornado um grande rival naquela temporada. Nos venceu em Araçatuba no tie-break, quando reclamamos muito da arbritagem. Na nossa casa, nós vencemos, com eles constestando o tamanho da quadra", revela Acácio, com todos estes componentes servindo para esquentar os ânimos. Sempre polêmico, o oposto Lorena não perdeu a chance de provocar os jogadores do Cruzeiro na grande final.
"Chegamos para este jogo super concentrados, sabendo que o favoritismo era deles. O time todo jogou o 'fino', não se abalou com números, nomes e personalidades. O Marcelo montou um time sem expressão mas com muita condição de crescer. Foi assim que começou a história tão vitoriosa deste projeto", reforça Serginho.
Episódio de jogador fujão deu 'sacudida' no elenco
O defensor lembra de um momento marcante na temporada, durante as quartas de final. O adversário era o São Bernardo, que perdeu o primeiro jogo em Minas Gerais. Na volta, em São Paulo, um dos atletas do elenco fugiu da concentração na noite anterior ao jogo, que foi vencido pelos donos da casa. O baixo rendimento do atleta provocou revolta de muitos jogadores e forçou uma reunião de emergência na chegada à BH. No terceiro e último jogo da série, o São Bernardo incomodou e por pouco não criou uma grande zebra com o oitavo colocado eliminando o líder pela primeira vez na história da competição.
União consolidada em viagem para a Califórnia
Um importante título naquela temporada não tinha a mesma projeção de uma Superliga, mas serviu para criar o sentimento de família e união. Durante cerca de 10 dias, o Cruzeiro esteve na Califórnia para o Torneio de Irvine, competição que esteve na agenda celeste por mais de uma vez. Longe de casa, os jogadores passavam mais tempo com os companheiros do que com os familiares, com a convivência ajudando no desempenho dentro de quadra.
"Tentamos criar o melhor clima possível, este torneio concretizou essa união. Até hoje guardo boas lembranças de jogadores que achavam que sabiam falar o inglês, eram situações engraçadas", diverte-se.
"Tive muitos troféus e medalhas nas carreiras, mas eram momentos como aqueles que nos fizeram ter amizades que perduram até os dias de hoje, isso é o que fica depois de tantos anos. Era um companheirismo muito grande que tínhamos graças à esta interação permanente", agradece Cordeiro. Para ele, o time já estava mais perto do título depois da final anterior, que mostrou ao elenco que a conquista inédita da Superliga era muito possível. "Não éramos mais uma promessa e já tinha uma certa pressão. Não concordávamos com final em jogo único, não é o melhor formato para definir um time campeão", conta.
Estrutura e comandante como diferenciais
O resultado em quadra era uma consequência do bom trabalho exercido do lado de fora dela, indo além da comissão técnica.
"Um grande diferencial era a estrutura que a família Medioli nos proporcionava, isso era um caso à parte, algo não muito comum naquele época. O que eles nos ofereciam contruiu a base de todo o sucesso naquela temporada e nas seguintes", lembra o ex-central Acácio.
Ele também destaca o trabalho de Marcelo Mendez, que conseguiu implantar sua filosofia em um grupo que abraçou suas ideias desde o começo. "Ele trouxe uma maneira diferente de interpretar o jogo, uma forma de se treinar buscando a excelência todos os dias. Isso nos fazia ter uma postura que refletia nos jogos, nos permitiu brigar pelo topo, estar sempre em finais. A sensação era única, um sentimento positivo por atuar em um nível tão alto. O Marcelo era diferente, tinha muito a ensinar para o vôlei brasileiro, o que ele falava, a gente obedecia, entrava de cabeça mesmo, fechava o olho e acreditava que ia dar certo, sem duvidar em momento algum", conta.
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