Um sonho realizado, assim nos descreveu o empresário Márcio Cadar a sensação que sentiu ao receber seu Tesla Model Y, que chegou diretamente dos Estados Unidos, através de um processo de importação direta.
“Sempre fui um aficionado por tecnologia e desde que tive o primeiro contado com um carro da Tesla, em 2014, alimentei a vontade de ter um deles em minha garagem, isso agora a se transformou em realidade”.
Confesso ao amigo (a) leitor/internauta que por minha longeva trajetória na carreira como jornalista especializado na cobertura automotiva, já fui escaldo para as mais diversas e aceleradas pautas.
Como o que nos move se reside no ineditismo, desta vez bateu uma ansiedade, afinal, seria o primeiro contato com um Model Y, produzido pela Tesla, a meca da tecnologia, fundada pelo bilionário Elon Musk.
Necessário agradecer a gentileza do empresário Márcio Cadar, que nos possibilitou a realização desta reportagem. Foi ele o responsável por trazer este modelo, com motor 100% elétrico e com sistemas de condução autônoma para as montanhas de Minas.
O encontro
Nosso encontro teve de ser adiado uma vez, o que só fez aguçar a curiosidade de estar frente a frente com tanta tecnologia, embarcada, sobre rodas, e que até anda sem motorista, uma experiência que é difícil descrever, mas vamos tentar.
Marcamos na praça do Papa, na tarde da última sexta-feira, como um bom mineiro que nunca perde o trem, cheguei com uns trinta minutos de antecedência.
Tempo esse que me pareceu uma eternidade até avistar uma escultura se movendo em minha direção, era a chegada a hora. Márcio desce o vidro, nos cumprimentamos e seguimos até a entrada do Parque da Serra do Curral, lado oposto ao das Mangabeiras, local de menor movimento e mais propicio para conhecermos, em todos os detalhes, o que o admirável mundo novo nos reserva.
Antes de entramos no interior do Tesla e sentir a sensação de guiar a preciosidade, vamos dar um panorama sobre o modelo, motor, potência e dimensões.
Como é o Model Y
O Model Y pode ser definido como um SUV, esportivo utilitário, pelas formas de sua carroceria, mesmo com um caimento que remete a um modelo cupê. Ele é bem espaçoso e algumas versões do modelo comportam até sete pessoas.
Não é este o caso do Tesla do empresário mineiro, uma versão denominada como Long Range, que privilegia o consumo e a autonomia da bateria, que pode percorrer, segundo Cadar, 525 km, com 100% de carga, o que lhe permitiria uma ida de BH ao RJ “no stop”.
São dois motores elétricos, um em cada eixo, que somados geram 380 cv de potência e o torque, que é entregue instantaneamente assim que se pisa no acelerador, é de 68,0 kgfm, mas sobre isso vamos falar no decorrer do texto.
Em relação às dimensões o Model Y é um veículo de porte médio, tem 4,75 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,62 m de altura e 2,89 m de entre-eixos. Estas medidas conferem conforto aos ocupantes e mesmo quem viaja no banco de trás, vai bem acomodado.
Nada sobra no Tesla, tudo que está no carro tem sua função de uso clara, responsiva e direta. O teto é de vidro panorâmico, cobre toda a extensão do carro e deixa o modelo ainda mais diferenciado.
São dois os porta-malas, o normal, traseiro e mais um, na frente, onde em um carro a combustão estaria o motor, a capacidade pode chegar a 500 litros.
Como comprar um Tesla
Antes de pisar fundo no pedal direito do Model Y, o empresário nos conta que o processo de importação leva, em média, quatro meses, do momento que o carro chega à concessionária até o seu destino, o tempo todo o sistema para aquisição de um Tesla é online.
Basta entrar no site, configurar o modelo que deseja e fazer o pedido e aguardar a fábrica entregar na concessionária, aí entra em ação o despachante importador que faz todo o trâmite legal, para mandar o carro para o Brasil.
Em relação ao seguro ele explica que a seguradora que faz a apólice para todos os Teslas que rodam no país é a Porto Seguro. Em relação ao preço final do Model Y colocado no Brasil gira em torno de R$ 700 mil.
De 0 a 100 km/h em 3,7 segundos e velocidade máxima limitada em 250 km/h, são números que chegam a arrepiar os cabelos, mas só mesmo ao volante que é possível sentir que o futuro já está em nossas mãos.
Hora de acelerar
Elétrico e com sistemas de condução autônoma, o Model Y conta com uma tela gigante de 15 polegadas, com design minimalista que acompanha a proposta de funcionalidade de um carro tão inovador e onde todo o controle é gerenciado.
Por ali as câmeras e os 12 sensores informam o tempo todo o que acontece no mundo exterior, como aproximação de veículos e ate mesmo de pedestre.
Todos os comandos são feitos através da alavanca que fica acoplada à coluna de direção é por ali que se aciona, com dois toques para baixo, o sistema de condução autônoma e assim que ele é selecionado aparece no grande telão, que ocupa quase toda a extensão do painel.
Sem as mãos no volante
Márcio explica que para testar a condução autônoma o melhor é em uma subida, sobretudo porque no local onde estávamos, descendo do bairro Mangabeiras em direção à praça da Bandeira, existem muitos quebra-molas. “O carro é feito para rode em lugar onde não existam estes obstáculos e muito menos buracos”, nos explica Mário.
Uma vez colocado no modo autônomo o carro contorna a curva, o volante gira lentamente, mas assim que surge algo que ele não reconheça, o próprio sistema mostra na tela e emite um alerta para que o motorista retome a condução.
Opcional
Os Teslas praticamente saem de fábrica sem que não seja necessário instalar nenhum equipamento, no modelo no Model Y que roda em Minas, apenas o aro da roda, de 19 polegadas e os pneus foram escolhos na hora da configuração.
A orientação para que siga na direção correta, sem a ajuda do motorista, se dá através das faixas na pista, mas isso nem sempre isso é possível, pela muitas vezes precária manutenção de nossas ruas e avenidas.
Após rodarmos por algum tempo, literalmente como passageiros do Model Y, uma vez que não houve nenhuma interferência do condutor, Cadar reassumiu o comando e na subida em direção ao nosso ponto de partida fizemos a experiência da aceleração.
Ele foi diminuindo a velocidade e antes do carro parar pisou fundo no acelerador, de uma vez, e agora os mais de 60 kg de torque aparecem instantaneamente. É totalmente diferente do carro com motor a combustão, em que o torque cresce lentamente.
A força é tanta que joga o corpo contra o encosto do banco e fica fácil entender porque ele demorara apenas 3,7 segundos para sair da imobilidade e chegar aos 100 km/h.
Bateria e freio
A regeneração da bateria é feita pela frenagem e isso contribui para o aumento da autonomia, tudo isso também é configurável e controlado pela central eletrônica que gerencia todos os sistemas.
Segundo Márcio, a Tesla tem um ranking com as maiores distâncias percorridas com uma única carga e o já foi registrado um episódio em que um proprietário rodou por 700 km com um Tesla.
O carro pesa quase, duas toneladas, as baterias ficam no assoalho e a tração é integral, o que confere uma ótima estabilidade, praticante ele fica grudado no chão e não trem como capotar.
Zero de manutenção
Em relação à manutenção ela praticamente não existe, as baterias têm uma garantia total por 8 anos e só mesmo os pneus precisam ser trocados. Vale lembrar ser um carro que tem apenas 400 peças, enquanto um automóvel convencional pode ter em torno de 8 mil.
Como os freios são pouco acionados no manual a recomendação é que se troque as pastilhas em um intervalo de cinco anos. Para recarregar a bateria com 100% da carga, o tempo em um equipamento convencional, como o que Cadar tem em sua garagem, é de 3 horas, contudo existem outros ultrarrápidos capazes de fazer o mesmo em 45 minutos.
A experiência, única, de conduzir um Tesla, ainda mais em Belo Horizonte, fica por aqui, mais do que uma sensação, a certeza que daqui para frente, tudo diferirá e os automóveis serão cada vez mais conectados, elétricos e autônomos. O admirável mundo novo já está aos nossos pés.