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Autor do gol do título do América em 97, Celso relembra bastidores de 'guerra'
Primeira conquista do Coelho na Série B será relembrada em série especial no SuperFC esta semana; ex-atacante contou bastidores
Um dos grandes nomes do elenco do América na década de 90, o ex-atacante Celso foi mais do que responsável por marcar o gol decisivo para o título na Série B de 97. O 'xodó americano', como ficou conhecido, sacramentou a primeira conquista nacional do clube. O SuperFC vai relembrar o título americano em uma série especial nesta semana, aberta pelas memórias de Celso.
"O principal que nos levou à campanha vencedora foi a mescla de atletas experientes com a base. Um grupo formado pela diretoria com apoio da Excel [patrocinadora] na época. Nós formamos um grupo de amigos, acima de tudo. Boiadeiro, Pintado, Tupãzinho, atletas que vieram fizeram a diferença com jogadores como Rinaldo, Irênio, que estavam começando", conta Celso ao SuperFC.
A mescla de juventude e experiência foi a tônica daquele elenco vencedor em 1997. Já Celso era um meio termo. O jogador chegou ao Coelho em 1994 após um começo vencedor na base do Vasco. O contexto que encontrou foi de um clube lutando contra CBF após banimento do Campeonato Brasileiro.
"Eu estava voltando de uma cirurgia, uma contusão muito séria no joelho. Eu tive um período de readaptação ao futebol, era muito jovem. Precisava de um tempo para recuperar. Eu me readaptei e comecei a fazer grandes partidas pelo América. Era um tempo que a gente jogava só o Mineiro e o restante era só amistosos", comenta.
"A gente achava uma injustiça com o clube não participar do Brasileiro. A gente lamentava não participar, mas cientes de que o América corria atrás dos seus direitos. Respeitávamos isso", completa Celso.
Clima de guerra
O América disputou um quadrangular final com Ponte Preta, Vila Nova-GO e Náutico, com jogos de ida e volta. Em duas dessas partidas, o clima foi de guerra. "No jogo contra a Ponte, quando entramos no vestiário tinha um cheiro horrível de creolina. O vestiário estava muito ruim, tivemos que ficar um tempo no corredor. Foi uma guerra e já prepararam isso pra gente. Aquilo me incentivou", relembra.
"Nos Aflitos, quando a gente estava chegando na rua principal, o ônibus não dava pra passar porque a torcida do Náutico estava muito grande, cercando e batendo no ônibus. Quando chegamos no vestiário, também com creolina. Ardia o nosso olho, um cheiro insuportável. Aquilo nos motivou. Ganhamos de 2 a 0 e o jogo teve que ser encerrado faltando dez minutos porque a torcida invadiu o campo", completa.
Gol decisivo
No último jogo do América na Série de 1997, contra o Vila Nova, a vitória por 1 a 0 deixou o time com a melhor campanha do quadrangular. Ao lado da Ponte Preta, subiu para a primeira divisão do ano seguinte. O tento salvador do Coelho foi marcado por Celso, que anotou cinco gols naquela edição.
"O gol do título foi um marco. Teria que ser esse jogo e ser assim, por tudo que o América fez por mim. E eu também retribuí. Eu não poderia passar pelo América sem essa marca. Eu me apaixonei pelo clube. Quando cheguei do Vasco, precisava me reestruturar pro futebol, recuperar minha forma, e poucas pessoas acreditavam de mim. Mas a diretoria do América acreditou, o treinador Gaúcho que me pediu e a torcida", conta.
Em 1996, Celso chegou a retornar ao Vasco, mas voltou ao Coelho para a disputa da Série B. "As pessoas aqui no Rio acham que eu sou mineiro pela minha identificação com o América. Isso me agrada porque eu gosto da cidade, do clube, até hoje assisto aos jogos e torço", completa.
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