Especial 97
'Banimento deixou marcas', diz Salum sobre punição ao América na década de 90
SuperFC relembra conquista da Série B de 1997 nesta semana, mas anos antes uma severa punição da CBF marcou o clube
O título do América na Série B de 1997, relembrado em série especial pelo SuperFC nesta semana, representou mais que a primeira conquista nacional do clube. Ele significou também uma retomada após o fantasma que assombrou o Coelho na década de 90: o banimento por dois anos no Campeonato Brasileiro, punição dada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Na época, o clube era presidido por Magnus Lívio, que faleceu no ano passado. Curiosamente, o vice-presidente de futebol era Marcus Salum atual mandatário do Coelho e presidente no título de 1997. O banimento de competições nacionais em 1994 e 1995, para Salum, deixou marcas que não foram superadas pelo título nacional de anos mais tarde. A punição veio após enfrentamento do clube à CBF.
"Percebemos que, por mais que a gente acreditasse nisso [no enfrentamento], estávamos prejudicando a torcida e a entidade. Não tínhamos como vencer essa estrutura e fizemos um acordo em 96, na volta pela segunda divisão. O título veio depois por competência nossa. Ele não superou o banimento, pelo contrário, o banimento deixou marcas. Marcas de muito sofrimento mas também do que é o América", conta Salum.
Essa história teve início em um ano especial para o América. Em 1993, o clube encerrou o maior jejum de títulos estaduais de sua história, voltando a levantar a taça do Mineiro após 22 anos. O clube foi campeão estadual com um trio de ataque formado por Hamilton, Robson e Euller, responsáveis por 23 dos 34 gols marcados pelo Coelho naquela edição.
"Eu vivi intensamente esse tempo, porque eu era o vice-presidente de futebol campeão mineiro de 93. Fomos pro Brasileiro juntos, eu no futebol e Magnus na presidência. Entramos na justiça e eu estava junto de tudo. Fui em todas as reuniões, assistimos o julgamento no Rio. Ficamos punidos, dirigi o futebol em 94 e parte de 95. Quando Magnus renunciou, me procuraram. Eu ajudei no futebol no início de 96 e depois fui eleito presidente", relembra Salum.
O formato era diferente do regulamento dos dias atuais, com a disputa de um quadrangular final que foi formado por América, Cruzeiro, Atlético e Democrata-SL. O título deu ânimo ao time, que ao iniciar o ano de 93 não imaginava que o terminaria em ambientes tão tumultuados. O SuperFC relembra essa história em meio a uma série especial sobre a conquista da Série B de quatro anos mais tarde.
Fantasma do banimento
O Campeonato Brasileiro de 1993 não teve segunda divisão, com 32 clubes participantes. Eles foram divididos em quatro grupos de oito integrantes cada. Ficou definido pela CBF que os membros do Clube dos 13 ficariam nos grupos A e B, sendo eles Cruzeiro, Atlético, Grêmio, Internacional, Fluminense, Flamengo, Vasco, Botafogo, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Bahia. Os três times que completaram esses conjuntos foram Bragantino, Sport e Guarani.
O restante dos times, especialmente os que tinham subido em uma manobra extra-regulamento, ficaram nos grupos C e D, dos quais os últimos quatro colocados de cada um seriam rebaixados. Sendo assim, os grupos A e B, independentemente da quantidade de pontos de seus times, não teriam time determinados ao descenso.
O América estava no grupo D e terminou a primeira fase em quinto, sendo o primeiro na sequência dos quatro rebaixados de seu conjunto. O time, na época, ficou um ponto atrás do Criciúma, quarta colocado do grupo D. Mesmo com o regulamento tendo definido que integrantes dos conjuntos A e B não seriam rebaixados, o América contestou.
Na tabela geral da primeira fase, juntando todos os times dos quatro grupos, o América ficou em 18º e por isso não concordou com a queda. No A, Bragantino (13), Bahia (8) e Botafogo (6) fizeram menos que o Coelho e escaparam. Já no B, Vasco (13), Sport (11), Fluminense (8) e Atlético (4) pontuaram menos e também não caíram.
Comandado pelo presidente Magnus Lívio, o clube bateu de frente com a CBF e se recusou a disputar a Série B de 94. O América recorreu até à justiça, mas acabou punido pela entidade nacional e proibido de disputar os Brasileiros de 94 e 95. O clube só retornou em 1996 à Série B, já comandado por Marcus Salum, que retornou à presidência do Coelho e é o atual mandatário do clube.
"O recado que o América deu ao enfrentar a CBF é o recado da história do América. A gente luta pelo que é correto. O doutor Magnus comandou essa luta, demos apoio em tudo. Acompanhamos tudo lado a lado e fomos até o limite do julgamento", pontua Salum.
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