Finanças
América está pronto para um salto, mas processo é longo, avalia economista
Consultor de finanças do Itaú BBA analisa a situação financeira do clube, que tem projeto pronto aguardando um investidor para se transformar em empresa
O balanço financeiro do América em 2020 foi considerado positivo, muito graças ao bom desempenho na Copa do Brasil - chegando às semifinais -, o que ajudou a compensar as perdas relacionadas à pandemia. Com uma redução de custos e despesas, foi possível retomar um equilíbrio.
A análise do consultor de gestão e finanças do esporte, Cesar Grafietti, autor do estudo anual do Itaú BBA sobre a situação financeira e econômica dos clubes brasileiros, mostra que o América tem plenas condições de mudar o patamar.
Resta colocar os planos em prática, o que depende muito de encontrar um investidor para alavancar o clube desportivamente. Estrutura ele já tem. "O América tem menos torcida, um upsider muito menor, de crescer torcida e receitas. Ele tem uma boa estrutura, com estádio para o seu tamanho, categoria de base boa, que revela atleta, não tem tanta pressão e está numa cidade com recursos", lista o especialista, ao Super.FC.
Confira a entrevista completa de Cesar Grafietti, que analisa as finanças de América, Atlético e Cruzeiro:
A diretoria do Coelho tem um projeto formatado para migrar para o formato de empresa. Falta encontrar um parceiro que acredite no potencial americano. "Para o investidor é, em tese, seguro (formatar parceria com o América), porque tem poucos problemas para serem resolvidos e uma boa estrutura. Não tem uma marca tão forte, mas que pode ser construída. O América tem desenvolvido várias estratégias de marketing interessantes. O clube está pronto para um salto. Falta o capital, que ele está procurando atrair", ponderou Grafietti.
De volta à Série A, em 2021, a equipe alviverde luta para permanecer na elite e evitar o sobe e desce de divisão que aconteceu ao longo da última década. "Com capital e uma capacidade para permanecer na Série A, com categorias de base, ele pode crescer, mas é um processo de longo prazo e se transformar num clube robusto de primeira divisão", avalia o economista.
O endividamento do América está acima do desejado, mas não chega a ser algo que sufoque o clube, dado o perfil da dívida. Ela está em R$ 95 milhões, um crescimento de 13% com relação a 2019, puxado pelo aumento de salários e impostos a pagar. Os investimentos, no entanto, se mostram bastante controlados, muito próximos da média dos últimos quatro anos.
O América tem aportado boa parte dos recursos na categoria de base, de olho em futuros craques. Sem grandes necessidades de reequilíbrio financeiro, aportes de recursos tendem a servir para reforçar estruturas e o caixa, o que possibilitará sonhar com voos mais altos, na avaliação de Cesar Grafietti.
O especialista acredita ainda que o América possa aproveitar a crise do Cruzeiro para ganhar espaço. "Se o investidor consegue acessar esse ativo, que tem poucas dívidas ou com dívidas equacionadas e manter o clube na Série A por três ou quatro anos, ele consegue ganhar uma massa de recursos que é importante para voltar a crescer e a atrair os torcedores, principalmente, olhando um de seus rivais numa situação mais difícil, no caso, o Cruzeiro", ressalta.
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