Superação
Garoto se emociona ao achar camisa do América e volta a sonhar
Torcedor do time, Gustavo Borges, de 12 anos, se esforça para driblar todas as dificuldades e garantir uma vida melhor para ele e para a família
“Tenho um sonho: me tornar jogador do América, comprar uma casa e ter comida todos os dias para minha família". A frase é de Gustavo Henrique Valério Borges, de 12 anos, fiel torcedor do time mineiro. O menino, que há muito tempo não sonhava mais, passou novamente a fazer planos depois que ele encontrou a camisa do seu time do coração em meio a doações recebidas.
O garoto nunca contou para a família a vontade de ter uma blusa do América. Com medo de deixar a mãe triste por não ter dinheiro para dar o presente, ele guardava o desejo em segredo. Até que dias atrás, em uma pilha de roupas doadas, o adolescente viu a camisa verde do time querido. Mesmo velha, desbotada e com alguns furos, Gustavo fez da camiseta sua vestimenta sagrada. “A blusa me deixou mais perto do meu time. Com ela fico mais forte", diz o adolescente.
Agora, Gustavo conta que se esforça muito para estudar e jogar bola todos os dias para entrar no time do América. No entanto, a caminhada dele tem muitos desafios. A primeira preocupação do dia do garoto é saber se vai ter comida para ele e para os irmãos menores. Quando falta o alimento na mesa, o adolescente pede nas casas vizinhas um pão para dividir com a família. Com o fim do auxílio emergencial, as dificuldades financeiras se tornaram ainda mais evidentes na casa do menino.
O garoto mora com os pais desempregados e três irmãos menores em três pequenos comôdos em uma ocupação na região Oeste de Belo Horizonte. Para esquecer da falta do básico nas panelas em casa, Gustavo tem o futebol como válvula de escape. É descalço mesmo, em qualquer lugar improvisado como campo, que ele passa horas do dia com os amigos.
Após encontrar a camisa do América, o garoto a veste todos os dias para estudar em casa e para ir ao campinho. Mesmo sem a chuteira, o menino não se importa. Durante a pandemia, Gustavo ficou sem fazer os exercícios escolares online porque não tem celular, computador e acesso à internet. Mas isso não desmotivou o garoto, que com um único caderno que ganhou de doação, estudou sozinho. Atualmente, o menino cursa o sexto ano no ensino público híbrido.
“Se eu estudar e jogar bola todos os dias, eu sei que vou conseguir entrar para o América e dar para minha família uma vida melhor. É só Deus,” diz o estudante.
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