Em investigação
Delegada sobre injúria racial no Mineirão: 'Desculpa não os exime do crime'
Fabíola Oliveira, responsável pelo caso, explicou que irmãos envolvidos em agressões a segurança registradas durante o clássico demonstram arrependimento
Acusados de terem cometido injúria racial contra o segurança Fábio Coutinho, durante a confusão generalizada que aconteceu no Mineirão após o clássico entre Cruzeiro e Atlético no último domingo (10), os irmãos atleticanos Adrierre e Nathan Siqueira da Silva prestaram depoimento nesta terça-feira (12), na Delegacia Especializada de Eventos da Polícia Civil.
De acordo com a delegada responsável, Fabíola Oliveira, os dois pediram desculpas pelo ocorrido e demonstram profundo arrependimento. "O Adrierre assumiu que cuspiu na face do Fábio e que falou sobre a cor de sua pele. Enquanto o Nathan falou que não chamou Fábio de 'macaco', mas de 'palhaço'. Os dois falaram que foi coisa de momento e que pretendem se desculpar pessoalmente com a vítima", contou a delegada.
De acordo com ela, como eles se dirigiram apenas ao segurança, o caso se enquadra como injúria racial, e não racismo. Para este tipo de crime, a pena pode variar de 1 a 3 anos em regime semiaberto, além de uma multa a ser aplicada pelo juiz que julgar o caso.
"O fato de eles pedirem desculpa não os exime do crime, vamos continuar dando andamento no inquérito policial, outras testemunhas podem ser ouvidas, as imagens serão enviadas para a perícia, onde poderão ser usados profissionais de leitura labial para identificar tudo o que foi falado", informa a delegada, que disse que a perícia tem um prazo de 30 dias corridos para concluir a investição.
Entrevistas
Os irmãos conversaram com a imprensa nas dependência da delegacia. Primeiro a falar, Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, que é o principal suspeito de praticar injúria racial contra o segurança Fábio Coutinho, disse que se exaltou ao ouvir alguém dizendo um palavrão envolvendo a mãe dele.
"Eu voltei imaginando que poderia ter sido ele. Por isso, agi naquela hora com um ato impensado e tenho total arrependimento. Peço perdão mais uma vez e, se eu tiver a oportunidade, quero pedir perdão a ele", disse Adrierre. "Sou pai e quero deixar claro que não sou aquele tipo de pessoa que aparece nos vídeos. Aconteceu em um momento de ânimos exaltados e eu já tinha ingerido bebida alcóolica", completou.
Já seu irmão mais novo, Nathan ao tentar se desculpar pelo acontecido disse que não é racista pois convive com pessoas negras. "Tenho irmão negro, tem pessoas que cortam meu cabelo que são negras, tenho vários amigos negros, não tenho nada contra", afirmou. "Não o chamei de macaco, o chamei de palhaço, vocês podem ver o vídeo novamente. Meu irmão errou e ele tem que pagar pelos erros dele, mas todos que o conhecem sabem que nós não somos racista", argumentou.
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