Cria da várzea de BH
Breno Lopes: artilheiro da Série B passou pelo Cruzeiro e sonha em jogar no Galo
Breno Lopes, artilheiro do Juventude, já marcou nove gols na Série B; jogador foi revelado no futebol de várzea de BH e teve passagem também pelo sub-15 do Cruzeiro
Nas estatísticas da Série B do Brasileirão agora é fácil encontrar o nome do jovem atacante Breno Lopes, do Juventude. Em 16 partidas, ele já marcou nove gols e agora lidera a artilharia da competição. O que nem todo mundo sabe é que Breno é cria do futebol de várzea de Belo Horizonte e já até passou pelo sub-15 do Cruzeiro.
Em entrevista ao Super.FC, Breno Lopes falou do bom momento na carreira, relembrou sua trajetória e revelou o desejo de vestir a camisa do Atlético e de outros grandes clubes. Neste domingo (25), o atacante entra em campo para defender o Juventude na partida contra o Figueirense, no Orlando Scarpelli, em Florianópolis.
Nascido em 24 de janeiro de 1996 em Belo Horizonte, Breno foi criado no bairro São Bernardo, onde até hoje vivem alguns familiares, como o pai, conhecido no futebol amador da capital como Tibarney.
O Super.FC conversou com Breno Henrique Vasconcelos Lopes na semana da vitória do Juventude sobre o Avaí, por 3 a 0, com dois gols do atacante. A atuação rendeu escolha para a seleção da 17ª rodada da Série B e a ultrapassagem a Léo Gamalho, ex-CRB, e Caio, do Sampaio Corrêa, para se tornar o goleador máximo do torneio. Na noite desse sábado (24), Caio marcou diante do Cuiabá e também chegou a nove gols.
Em setembro, Breno Lopes já havia sido escolhido como melhor jogador do mês na segunda divisão. “Fico feliz pelos gols em um jogo que era muito importante, contra um concorrente direto pelo acesso. Era um dos objetivos meus. Assim que voltou o futebol eu pretendia ser um dos destaques desta Série B, espero manter isso para o restante da temporada”, comemora.
A trajetória no futebol teve passagem por torneios e clubes amadores em Belo Horizonte, mas Breno conta que começou nas categorias de base do Cruzeiro, chegando ao sub-15 da Raposa, mas sem conseguir ser aproveitado. Ele chegou a desistir do futebol, mas, depois de um teste por indicação de um amigo em Porto Alegre, conseguiu uma vaga no São José. De lá, ainda na base, jogou pelo Cerâmica-RS e foi para Santa Catarina, onde se profissionalizou em 2016 pelo Joinville, sendo negociado com o Juventude em 2019. Foi dele o gol para o time gaúcho na vitória por 2 a 1 que eliminou o América na segunda fase da Copa do Brasil da última temporada.
Na Serra Gaúcha, Breno Lopes fez parte do elenco que conquistou acesso para a Série B, inclusive deixando seis gols na campanha. Não foi fácil manter o espaço, e Breno passou alguns meses emprestado ao Figueirense, ainda no fim do ano passado. Em 2020, um novo empréstimo, dessa vez ao Athletico Paranaense, onde compôs o grupo de aspirantes que disputou o campeonato estadual na primeira parte da temporada.
Breno Lopes retornou ao Juventude no meio do ano e, desde então, se firmou como titular no time do técnico Pintado. “O Breno voltou para o Juventude nesta temporada em busca da afirmação e conseguiu. Logo no retorno do futebol, marcou gol no clássico Ca-Ju (Caxias x Juventude) e agora é artilheiro da equipe. A artilharia valorizou muito ele. Vários clubes demonstraram interesse”, comenta o jornalista Eduardo Costa, narrador de alguns jogos de Breno na Rádio Gaúcha Serra.
Nas últimas semanas, equipes como Atlético Goianiense, Goiás, Fortaleza e, por último o Botafogo, realizaram sondagens pelo jogador. A diretoria não pretende negociar Breno Lopes neste momento.
ENTREVISTA
Confira na íntegra a conversa do Super. FC com o atacante Breno Lopes, do Juventude, natural de Belo Horizonte e atual artilheiro da Série B do Brasileirão.
Você se tornou artilheiro da Série B depois dos gols contra o Avaí e tem sido elogiado pelas atuações na competição. É o melhor momento da sua carreira?
Fico feliz pelos gols em um jogo que era muito importante, contra um concorrente direto na briga pelo acesso. E sobre a artilharia fico feliz, era um dos objetivos meus. Assim que voltou o futebol, eu pretendia ser um dos destaques desta Série B e graças a Deus as coisas estão acontecendo jogo a jogo. Meus companheiros também têm uma contribuição muito bacana e estão me ajudando muito. Espero manter isso para o restante da temporada.
Depois deste tempo no Sul, qual é hoje sua ligação com Belo Horizonte?
Sou natural de Belo Horizonte, fui criado no bairro São Bernardo, ali próximo à Pampulha. Tenho familiares até hoje ali, meu pai, meus tios, primas. É uma cidade que eu gosto muito, tenho um carinho muito grande e tenho vários amigos também.
Como começou a sua trajetória no futebol aqui em BH?
Comecei no Cruzeiro. Aos 11 anos fui para a escolinha, ainda na época do Barro Preto. O ex-patrão do meu pai tinha um filho que também jogava, me indicou, fui aprovado nas categorias de base e fiquei até meus 15 anos. Fui dispensado depois e rodei por alguns clubes, mas minha trajetória começou no Cruzeiro.
E no profissional? Como começou e por onde passou? Por que não jogou no profissional por aqui?
Quando saí do Cruzeiro eu fiquei um ano sem jogar futebol. Fiquei bastante chateado por tudo o que aconteceu. Um amigo meu veio jogar no São José, em Porto Alegre, e me convidou para fazer uma avaliação. Eu já estava com 16 anos e falei: “Não quero mais jogar futebol”, mas acabei vindo. Fiz um campeonato estadual pelo São José e depois fui para o Cerâmica, de Gravataí, onde fiz um bom campeonato que chamou a atenção do Joinville. Fui para Santa Catarina e ainda fiquei por dois anos lá nas categorias de base até subir para o profissional.
Fiz minha estreia no profissional em 2016, pelo Joinville, onde terminei minha formação. Foi o clube que abriu as portas para mim, hoje minha residência é lá. É uma cidade que gosto muito, um clube muito bacana e que acreditou no meu potencial e nos meus familiares.
O que você projeta para a sequência no Juventude, pelo clube e pessoalmente falando também?
A gente tem um elenco muito bom aqui no Juventude. Jogadores experientes que posso citar como o (Renato) Cajá, Wagner (ex-Cruzeiro), João Paulo, Luiz Ricardo, Eltinho. Jogadores que já passaram por grandes clubes. A expectativa é muito grande para que a gente possa levar o Juventude de volta à elite depois de muitos anos. A gente está trabalhando muito para isso, e, mesmo sabendo que não é fácil, tenho certeza que, se continuarmos no caminho que a gente está, naturalmente as coisas vão acontecer e a gente vai conseguir nosso objetivo.
Você chegou a receber algum contato sobre especulação do Botafogo? Se sente preparado para um novo desafio?
Pintou, sim, alguma sondagem. Eu fico muito feliz com isso porque são equipes de tradição do futebol brasileiro. Fortaleza, Atlético Goianiense, Goiás, o próprio Botafogo que você citou. Mas eu estou com a cabeça aqui no Juventude. Confio muito no meu empresário, todo o projeto que ele me apresentou vem se cumprindo. Minha cabeça no momento está em ajudar o Juventude a voltar para a Série A, e assim virão mais coisas boas.
Quais são seus grandes sonhos no futebol?
Quase todos aqueles de garoto, de subir para o profissional e assinar contrato com grandes clubes. Posso citar para vocês o objetivo que eu tenho, e que se Deus quiser ainda vou realizar, de jogar pelo Atlético Mineiro. Na verdade, já fui até assistir alguns jogos. Posso citar também São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo. Vou trabalhar muito para isso, e quem sabe se a gente for merecedor um dia possa ter essa oportunidade.
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