Cadu Doné
Banalizando absurdos
Hannah Arendt transformou a história com sua ideia de banalidade do mal.
Banalizando absurdos
Hannah Arendt transformou a história com sua ideia de banalidade do mal. Além de pensadora genial, a alemã provou-se jornalista de primeira ao acompanhar e retratar, com sensibilidade ímpar, o julgamento de Adofl Eichmann – burocrata que servia ao nazismo e que, na sua maneira de atuar, automatizando crimes despido da capacidade de refletir, contemplaria a naturalização da mais cristalina crueldade. Em exemplos obviamente menos graves – embora, ainda assim, muitas vezes, hediondos –, o futebol também se mostra pródigo na arte de se acostumar com o equívoco. Pinçando somente situações atreladas a acontecimentos dos últimos dias: empresário remunerado com comissões nababescas – a culpa nisso, em si, não é dele; instituição gigante devendo salários; mais um jogador na justiça contra o Cruzeiro – Egídio, que está exercendo direito legítimo...
Cruzeiro no pasto
A lista de aberrações que absorvemos com familiaridade fora do tom, no mundo à parte do esporte bretão, poderia continuar por textos infinitos. Pensemos no alardeado “clube do bilhão” – grupo de agremiações insatisfeitas com as dívidas tímidas, ainda no radar dos multimilionários, fora do ambicionado patamar dos dez dígitos. O modo com o qual nos habituamos com gramados impraticáveis há de entrar o rol examinado. Reclama-se, mas não com a indignação proporcional ao problema. Permitir jogos profissionais em terrenos como o que a Raposa enfrentou no Manduzão coloca em risco, inclusive, a justiça dos placares – e consequentemente, do campeonato.
Desculpa?
Impressionante o número de pessoas que ainda encara o apontamento da ruindade completamente comprometedora de determinados campos como choro de perdedor, frescura. A linha às vezes revela-se tênue: uma coisa é o solo ligeiramente surrado, que atrapalhará a fruição de alguns passes, porém que, no todo, não carrega considerável potencial de travar amplamente a dinâmica das equipes; outra totalmente distinta se materializa quando o relvado inviabiliza a prática da modalidade que deveria abrigar.
Defesa celeste
Nesta temporada, mesmo nos momentos trepidantes do escrete comandado por Conceição, o sistema defensivo não parecia preocupação para os celestes. Se no clássico as linhas de combate desfilaram com sincronia, compactação absurdas, o nível de obstinação neste quesito caiu nas últimas partidas. Tanto em Natal, quanto em Pouso Alegre, a retaguarda azul sofreu acima do aceitável com os lançamentos em profundidade, nas costas dos zagueiros, incluindo nas entradas em diagonal de peças inimigas.
Alerta
No triunfo sobre o Atlético, o Cruzeiro alternou entre díspares tipos de marcação – ora avançou seus atletas, ora posicionou-os próximos à própria área; o comportamento reativo foi comum. A mencionada queda na fase defensiva talvez passou pela adoção mais homogênea de uma postura propositiva; com os setores adiantados, a decantada vulnerabilidade ganha chances renovadas de surgir. Considerando que a Raposa terá de se impor na maioria dos encontros na Série B...
Pressão
As pichações, as críticas que têm recebido o Palmeiras brindam ao surrealismo como nem Buñuel, tampouco Dalí, conseguiriam...
Azarão?
Não apenas pela vitória sobre o City; consistente no sistema com três zagueiros, o Chelsea não é patinho feio na Champions.
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