Matheus Vieira Campos
Compliance como estratégia competitiva
Ética e transparência impulsionam empresas
Os escândalos de corrupção, que surgem a todo instante e envolvem empresas de diversos segmentos e portes, têm afetado a imagem e a reputação de várias delas. Algumas, inclusive, têm perdido a credibilidade. E o mesmo rótulo de desonestidade que a classe política já carrega está sendo, cada vez mais, associado a essas organizações.
Uma pesquisa feita, em 2018, pela Ernst & Young, especialista em consultoria e auditoria, com 50 executivos brasileiros apontou que 96% deles consideram comuns as práticas de corrupção. O mesmo estudo apontou qu entre os 55 países participantes do levantamento, o Brasil é o primeiro no ranking de percepção da corrupção empresarial.
Esse cenário evidencia a necessidade de se implantar um estilo de governança mais ético e transparente. Afinal, além de afetar a imagem da empresa, o envolvimento em atos ilícitos prejudica a lucratividade e gera problemas judiciais.
Aprovada em 2013, a Lei Anticorrupção tornou as punições ainda mais rígidas, com, inclusive, multas milionárias. Um balanço divulgado pela Controladoria Geral da União em 2018 apontou que, em quatro anos de vigência dessa legislação, as multas chegaram a R$ 18,09 milhões.
A busca por uma conduta mais ética por parte das organizações passa, obrigatoriamente, por programas de compliance. Independentemente da estratégia, seja a terceirização ou a criação de um setor específico, ações como a produção e difusão de códigos de ética e a criação de um canal de denúncias imparcial e efetivo devem constar no planejamento.
É preciso ir além das ações pontuais de prevenção e punição de infrações e implantar um sistema que objetive a criação de uma cultura de integridade dentro da empresa.
Focar a composição de uma equipe alinhada com os valores da organização é uma estratégia para o sucesso do programa de compliance no longo prazo. Um exemplo nesse sentido é o da administradora de fundos de investimentos SRM. Entre as ações estratégicas realizadas, destaca-se a aplicação de entrevistas demissionais e de um teste voltado para o potencial de integridade dos candidatos que participam dos processos seletivos.
Com isso, além de se manter afastada de problemas com a Justiça, a SRM aprimorou sua cultura organizacional e reduziu o índice de turnover, importante indicador referente à rotatividade de funcionários.
Para ajudar na implantação do seu programa de integridade, a administradora apostou na contratação da consultoria S2, especializada em compliance.
Tratar a busca pela integridade como investimento, e não como despesa, foi o foco. Afinal, em tempos de tolerância zero quanto à corrupção, priorizar a honestidade é um diferencial competitivo.
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Matheus Vieira Campos