Pela primeira vez na história é possível mensurar a popularidade do futebol feminino em relação ao masculino, tendo como direcionamento a seleção brasileira. Com os dois times disputando torneios internacionais, é perceptível também a relação de amor e ódio desenvolvida pelo povo em relação ao time verde a amarelo.
Se por um lado, as mulheres brasileiras recebem o apoio quase que irrestrito do povão na Copa do Mundo feminina, os comandados de Tite patinam na Copa América e ganham a aversão do torcedor, inclusive com vaias que se sucederam nas partidas diante de Bolívia e Venezuela.
Uma pressão que os jogadores brasileiros não conseguem compreender o motivo, como Thiago Silva voltou a salientar após a partida de terça-feira, diante dos venezuelanos.
“Não (foram justas as vaias), ao meu modo de ver. Principalmente porque a Venezuela pouco criou. Toda a segunda bola era nossa, sempre recuperávamos e atacávamos de novo, mas dificilmente dava para acelerar o jogo. Às vezes, nos precipitamos e perdemos a confiança com o erro. Mas a equipe se comportou bem, quando não faz o gol parece tudo errado”, rebateu Thiago Silva.
Uma seleção que cruzou 37 vezes para a área e em 19 finalizações só concluiu uma certa diante da Venezuela, que vem experimentando um crescimento em seu futebol, com vários jogadores atuando na Europa, mas que ainda não se apresenta como rival de peso para a tradição brasileira.
Declarações como a do goleiro Alisson acabam por trazer ainda mais repulsa. “Quando jogam contra a gente, todos se preocupam muito mais em defender do que atacar. A Venezuela buscou muito mais jogar contra a seleção peruana, se expôs mais e deu chance. A gente criou. O fato de o goleiro não ter feito defesas não fala sobre as oportunidades que criamos. Pecamos nas finalizações e no último passe”, disse o jogador.
A ver pela compreensão pública, o único ponto de convergência entre as duas seleções são os técnicos. Vadão e Tite são os pivôs de questionamentos relacionados ao desempenho dos dois times.
Globo registra aumento de 50% na audiência
Quando uma emissora como a Rede Globo volta sua programação para um produto como o futebol feminino, a repercussão é imediata em todo o Brasil. De acordo com números de audiência, a vitória da seleção feminina sobre a Itália por 1 a 0, também na terça-feira, no período da tarde, que garantiu o Brasil nas oitavas de final do Mundial, registrou um aumento de quase 50% na audiência da emissora.
Foram 22 pontos no Ibope em São Paulo, sete a mais do que nas últimas quatro terças-feiras no mesmo horário. É notório que o interesse pela seleção feminina vem se estabelecendo de maneira considerável por vários fatores, como o descrédito do time masculino, a história de vida das mulheres brasileiras que estão na França disputando a Copa, o peso de uma craque chamada Marta e o fator superação após nove derrotas seguidas antes de a disputa começar em solo europeu.